domingo, 30 de junho de 2019

O que é misandria, o ódio contra os homens que fez uma "gamer" perder o emprego.


A gamer Gabi Catuzzo, que mais parece uma boneca inflável.
Sim, há ódio contra homens pelo simples fato de serem homens, notadamente heterossexuais. Esse ódio "existe desde os primórdios do feminismo, ainda no fim do século XIX, mas recentemente tem se tornado política defendida por algumas feministas mais radicais", escreve Paulo Polzonoff Jr. na Gazeta do Povo:
Na última sexta (21), a gamer e streamer (pessoa que transmite o jogo sendo jogado) Gabi Catuzzo viveu uma reviravolta em sua curta e bem-sucedida carreira: depois de escrever um tuíte mal-educado, ela teve seu contrato com uma multinacional, a Razer, sumariamente rescindido. Catuzzo foi acusada de praticar a misandria – o ódio explícito contra homens.
No tuíte, Catuzzo reclamava, usando alguns palavrões aqui irreproduzíveis, do fato de alguns homens sexualizarem sua profissão. Ela respondia a um comentário masculino sobre atributos alheios à sua atividade – e que Catuzzo considerou assédio. No fim do tuíte, a principal jogadora brasileira de Clash Royale concluía: “É por isso que homem é lixo”.
A reação do mundo gamer foi a pior possível. Catuzzo foi ofendida por homens que se sentiram ofendidos. E a Razer, uma importante fabricante de produtos para jogadores de vídeo game, que tinha a YouTuber como influenciadora contratada, rescindiu o contrato com ela. Em nota, a empresa disse que “como gamers, enfrentamos todo tipo de preconceito e estereótipo e continuaremos lutando para que este tipo de situação não se repita. (...) [A empresa] é totalmente contrária a qualquer tipo de discriminação, seja ela de sexo, religião, partido político ou qualquer tipo de intolerância e extremismo”.
Catuzzo pediu desculpas públicas pelo comentário.
Misandria x orgulho masculino

A misandria é o discurso de ódio contra os homens. Algo que existe desde os primórdios do feminismo, ainda no fim do século XIX, mas que recentemente tem se tornado política defendida por algumas feministas mais radicais.
Um dos primeiros a notar a prevalência do discurso misândrico no ideário feminista foi o educador norte-americano Warren Farrell, que ganhou notoriedade nos anos 1970 como ativista da chamada “segunda onda feminista” para, logo depois, defender o “orgulho masculino”.
Em Por que os Homens São Como São (Editora Rosa dos Tempos), Farrell questiona a ideia de que homens são privilegiados nas sociedades patriarcais, ressaltando que no mundo todo homens têm expectativas de vida menores do que as mulheres e também estão mais sujeitos à depressão e sobretudo ao suicídio.
A ideia é reforçada no livro I Don’t Want to Talk About It: Overcoming the Secret Legacy of Male Depression, do psicólogo Terrence Real. Para ele, diante das pressões de um mundo cada vez mais hostil à masculinidade, “homens e meninos recebem privilégios (...) mas somente se ignorarem sua vulnerabilidade”.
Homens: seres inferiores

Em Sanctifying Misandry: Goddess Ideology and the Fall of Man [Santificando a misandria: ideologia ateia e a queda do homem], os professores Paul Nathanson e Katherine K. Young ressaltam a diferença entre o feminismo igualitário e o feminismo ideológico, que teria criado, nas últimas décadas, uma cultura de aversão aos homens e ao universo masculino.

Para os autores, a própria ideia de que crimes cometidos contra mulheres são mais graves do que os crimes contra os homens, isto é, a criação do feminicídio, é expressão da misandria, que usa a ideia marxista do patriarcado opressor para transformar homens em “cidadãos de segunda classe”.
Em Spreading Misandry: The Teaching of Contempt for Men in Popular Culture [Espalhando misandria: o ensino do desprezo aos homens na cultura popular], os professores citam como exemplo os muitos cursos “sobre gênero” existentes nas universidades norte-americanas, todos voltados para as mulheres e dedicados a mostrar os homens como “os responsáveis por todo o mal, incluindo os perpetrados pelas mulheres que eles enganaram ou intimidaram”, que “as mulheres são as vítimas oficiais da sociedade e responsáveis por todo o bem” e que “homens devem ser punidos, mesmo que individualmente inocentes, pela culpa coletiva dos homens ao longo da história”.
Um dos exemplos mencionados pelos professores no livro é o de Valerie Solanas, feminista radical que acreditava que os homens eram biologicamente inferiores às mulheres. No filme Um Tiro para Andy Warhol (1996), ela é glorificada por sua defesa da violência como uma forma de luta feminista legítima. Sonalas atirou de fato em Warhol, supostamente porque ele se recusou a produzir um roteiro que ela tinha escrito.
Algumas feministas foram além, defendendo o extermínio dos homens – o chamado “generocídio”. A filósofa Mary Daly, por exemplo, não acreditava que a igualdade entre homens e mulheres fosse possível, porque, para ela, as mulheres eram moralmente superiores aos homens. Defensora do determinismo biológico aplicado ao feminismo, Daly caiu em desgraça por se recusar a permitir que homens frequentassem suas aulas sobre “estudos femininos”.
Crime de ódio

No Reino Unido, a misandria já é uma preocupação governamental. A Inglaterra e o País de Gales têm propostas para tornar manifestações contra homens crimes de ódio semelhantes ao racismo. A proposta, contudo, enfrenta resistência. A deputada trabalhista Stella Creasy, por exemplo, defende a criminalização da misoginia (ódio contra as mulheres), mas não da misandria.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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