terça-feira, 28 de maio de 2019

Os jornais lá fora dizem uma coisa. Os nossos, outra. Está todo mundo louco.


Coluna de Alexandre Garcia, publicada pela Gazeta do Povo:

Só para lembrar, dia 18 de julho o Congresso entra em férias e está cheio de coisas que precisam ser resolvidas até lá. Principalmente a reforma da Previdência, que é essencial e inadiável. Fernando Henrique Cardoso fez um pouco. Lula fez um pouquinho. Temer tentou, e ganhou zero lá no Congresso.
Agora, pelo menos, já estão cedendo R$ 650 bilhões - quando é necessário R$ 1 trilhão para aliviar o Brasil e fazer o país decolar, para começar a criar emprego, investir e crescer a economia. Isso é necessário porque o país está parando por falta de dinheiro.
O governo está precisando de crédito suplementar de R$ 249 bilhões para pagar seus programas sociais porque senão não vai ter dinheiro para o Bolsa Família, para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e para o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A cobertura das manifestações de domingo

Gente, o que é isso? Os jornais do exterior estão relatando algo que aconteceu em outro país. Eles dizem que foi uma manifestação de extremistas a favor de um presidente militar. O presidente foi deputado durante 28 anos e 15 anos militar. O que está acontecendo?
E os nossos estão dizendo que foi uma manifestação muito pequena. A Av. Paulista foi recorde de povo, na Av. Atlântica, no Rio de Janeiro, só perdeu para o Reveillon. Será que as pessoas que falam isso não viram as fotos? Ou é medo da patrulha, ou é a grande vontade de negar o óbvio. Negar imagens, negar fatos. Mas tudo bem, cada um fala o que quiser.
Chegaram a lamentar o clima hostil das ruas. O sujeito está lamentando a democracia, o analista lamentando o povo na rua. É incrível.
Lamentaram que o presidente tenha dito que as manifestações eram contra as velhas práticas da política. Estão a favor das velhas práticas também?! É incrível, parece que está todo mundo louco.
Uma legislação para cada estado

Eu ouvi aquela boa entrevista do presidente na noite de domingo para a TV Record em que ele tem uma ideia nova: passar a legislação – que a Constituição diz que é da União – para os estados. Pouco a pouco a gente fica parecido com os Estados Unidos nisso, porque os EUA têm legislação estadual. Crimes são diferentes de estado para estado.
Ele falou na legislação de meio ambiente, que cada estado conhece as suas necessidades. As Assembleias Legislativas conhecem as necessidades: a do Rio Grande do Sul, a de Roraima, a do Rio de Janeiro, a do Acre, a de Santa Catarina, a do Pará. São todas necessidades diferentes. Não se pode aplicar uma legislação ambiental para o país inteiro.
Outro tipo de legislação também pode ser a de trânsito. Vejam só os estados do Nordeste: tem muita moto - o jegue foi substituído pela moto. Por isso, a legislação tem que ser um pouco diferente porque a moto virou o veículo de necessidade familiar do Nordeste.
E outro registro

Nesta terça-feira (28) o Senado examina a MP que reduziu o tamanho dos ministérios e vai haver uma tentativa de trazer de volta o Coaf - que sempre foi do Ministério da Fazenda - para o Ministério da Justiça, de Sérgio Moro.

Não sei se vai ser possível porque se fizerem essa alteração vai ter que voltar para a Câmara, e a MP vence obrigatoriamente no dia 3 de junho.
A vida do brasileiro

Na segunda-feira (27), caiu um avião monomotor, e morreram três. A cobertura que se deu para isso em um dia em que morreram nas estradas brasileiras 113 brasileiros é uma coisa incrível. A gente não se escandaliza com mortes diárias de 113 brasileiros - essa é a média do ano passado pelo DPVAT.

Vejam só quantos ficam inválidos no trânsito permanentemente por dia: 778 brasileiros. Está na hora da gente pensar sobre esse problema. As indenizações para moto são de 75%; no entanto, a moto significa apenas 27% da frota. Esse é outro problema bom para ser pensado a propósito da legislação estadual sobre trânsito.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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