Coluna diária de Alexandre Garcia, via Gazeta do Povo:
Os analistas diziam
que as manifestações de domingo iriam criar atrito no Congresso, mas
criaram exatamente o oposto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com
um espírito político e democrático parece que foi alertado pelas
críticas.
O próprio DEM - que é
o partido dele - está deixando bem claro que não faz parte daquele
Centrão fisiológico. Afinal, as mudanças que o governo está propondo são
mudanças que se alinham com os princípios do DEM: a reforma Tributária,
abertura econômica, liberalidade para a economia, facilidade,
desburocratização e equilíbrio das contas públicas com a reforma da
Previdência. O DEM já se manifestou sobre isso sob a liderança de ACM
Neto, prefeito de Salvador.
Na quarta-feira (29),
teve mais um encontro de Rodrigo Maia e Bolsonaro. O presidente estava
no Palácio do Planalto recebendo o partido Novo para o café da manhã -
um partido de gente que traz novidade na política e de boas cabeças. Lá
pelas tantas disseram que haveria, no plenário da Câmara, uma homenagem
ao artista e humorista Carlos Alberto da Nóbrega, e Bolsonaro foi com
eles a pé do Palácio do Planalto para a Câmara.
Enquanto isso o
presidente da República, por uma questão de cortesia e uma espécie de
prioridade, avisou diretamente o presidente da Câmara que estava indo
para a Câmara. Rodrigo Maia estava em casa, ele se arrumou e foi
correndo para lá.
Os dois sentaram na
Mesa Diretora do plenário, e assistiram à homenagem. E à tarde o Carlos
Alberto da Nóbrega apareceu no Palácio do Planalto: surgiu no momento em
que o presidente Bolsonaro recebia um grupo de senhoras e fez uma
declaração de amor ao Bolsonaro.
Foi um dia importante
porque depois o presidente recebeu ainda o PSL - que é o partido dele
-, recebeu o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - o
novo presidente da CNBB, Dom Walmor de Oliveira de Azevedo, que foi se
apresentar para o presidente da República.
Parece que foi
lubrificada a engrenagem do governo no trato com a política. O governo
está deixando bem claro que não vai ceder a troca-troca e nem a
fisiologismo. Mas sim a cortesia e a gestos de boa vontade, a troca de
ideias, a conversação, a negociação de objetivos.
Isso pelo país e não
para deixar o poder mais poderoso, ou fazer a popularidade do
presidente, ou os políticos receberem algum favor. E parece que os
políticos também estão entendendo essas mudanças.
Banco Central
Em outro encontro, o
presidente da Câmara se reuniu com o presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto - que tem ideias liberais e falou sobre a
necessidade dessas reformas, sobre a liberdade econômica e a reforma
tributária, comentando a importância de elas passarem com mais rapidez
no Congresso.
Ele explicou uma
ideia de abertura cambial de modo que o brasileiro possa ter uma empresa
brasileira de exportação, comércio e importação e ter conta em real no
exterior - e vice-versa, com conta em dólar no Brasil - para facilitar o
comércio internacional, que é hoje a riqueza das nações e está muito em
função desse comércio internacional.
Por falar em riqueza...
Um setor que é
responsável pela nossa balança comercial nesses últimos anos de
recessão, o setor Agropecuário seria beneficiado com a Medida Provisória
aprovada na Câmara dando mais prazo para regularizar o cadastro
ambiental. Lá também entrou um jabuti facilitando a anistia para crimes
ambientais. Porém, depois, o Senado decidiu que vai deixar a medida
caducar. Foi um dia bem movimentado entre os dois poderes.
Mas o interessante é o
que o noticiário parece que deu destaque aos juízes da Ajufe
(Associação de Juízes Federais) que discordam de um pacto pelas
reformas. Aí eu fico pensando: “Já discordou do teto constitucional e
agora vão discordar da reforma da Previdência?”. Certamente é porque a
reforma não vai incorporar o além-teto. São essas questões que vem à
tona quando aparecem essas manifestações.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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