sábado, 3 de novembro de 2018

Presidente Bolsonaro terá um longo caminho a percorrer para superar a crise


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Charge do Pelicano (Arquivo Google)
Vicente Nunes
Correio Braziliense

Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro promete “recuperar” o país e recolocá-lo entre as grandes nações do mundo. Procurou passar esperança, sobretudo aos jovens, e se compromete a pacificar o país, perigosamente mergulhado em um clima de radicalização. É na economia, porém, que o presidente eleito terá que centrar fogo.
Por mais que os brasileiros que votaram nele tenham elegido o combate à corrupção como prioridade, se ele não conseguir retirar o país do atoleiro, da recessão profunda iniciada em 2014, dificilmente conseguirá atender às expectativas.
HAVERÁ COBRANÇA – Os brasileiros, daqui por diante, vão cobrar uma reação forte da atividade econômica. Há quase 13 milhões de desempregados. Outros 14 milhões dizem que não ganham o suficiente para fechar as contas do mês. São os subempregados. Mais de 4,5 milhões de brasileiros simplesmente desistiram de procurar trabalho. São os desalentados.
O problema se agrava porque o governo não tem condições de promover políticas para incentivar a economia, pois está com as contas públicas em frangalhos. Entre 2008 e 2009, o então presidente Lula conseguiu enfrentar, com sucesso, o terremoto provocado pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana justamente usando a folga de caixa para fazer o que os especialistas chamam de política anticíclica. Mas Bolsonaro está de mãos atadas, porque terá que lidar com um deficit público monstruoso.
REGRA DE OURO – Quando tomar posse, já terá que enfrentar um rombo previsto de R$ 139 bilhões. Além disso, há o risco de o governo descumprir a tal regra de ouro, que o impede de se endividar para pagar gastos correntes, como salários de servidores e aposentadorias e pensões. Para não descumprir a regra de ouro, terá que arrumar mais de R$ 250 bilhões.
A gravidade da situação fiscal está, inclusive, na base da desconfiança que atormenta o país. Sem perspectiva de melhora nas contas públicas, os investidores, que poderiam ampliar seus negócios para ofertar empregos, mantêm o pé no freio. Na melhor das hipóteses, as contas só voltarão ao azul em 2025.
PREVIDÊNCIA – O ponto crucial para a melhora das contas públicas é a reforma da Previdência. Sobre esse quesito, o futuro governante mudou o discurso várias vezes. Primeiro, defendeu as mudanças e jogou a culpa pelo deficit do sistema previdenciário no colo dos servidores públicos, chamados por ele de “marajás”. Depois, disse que a reforma não era tão urgente. Agora, já cogita encampar o projeto que o presidente Michel Temer enviou ao Congresso.
Ou seja, a euforia que ainda reina entre os eleitores aos poucos se transformará em desconfiança, se as tão propaladas mudanças não vierem no ritmo da ansiedade do país. Por esse prisma, o presidente eleito ainda é uma grande incógnita. Assim, quanto mais rápido divulgar sua equipe econômica e explicitar que caminho seguirá na economia, menor será a chance de errar.
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