segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Corrida aos postos já provoca desabastecimento em BH; em estado de greve, tanqueiros ameaçam parar


Posto da avenida Brasil ficou sem gasolina na manhã desta segunda por causa da grande procura no fim de semana
Posto da avenida Brasil ficou sem gasolina na manhã desta segunda por causa da grande procura no fim de semana
A alta procura dos motoristas por combustível desde o fim de semana fez com que alguns postos de Belo Horizonte zerassem o estoque de combustível. No Posto Araponga, na avenida Brasil, no bairro Santa Efigênia, a gasolina acabou nas primeiras horas desta segunda-feira (3).
Por dia, o posto atende aproximadamente 300 consumidores, mas entre sábado (1º) e domingo (2) a média ultrapassou os dois mil. No local, a fila de carros no fim de semana chegou a dobrar três quarteirões, o que provocou o desabastecimento. “A falta de gasolina não tem relação com problema na distribuição, e sim com a grande procura”, garantiu um frentista, que afirmou que o posto será reabastecido à tarde.
Fila
Os postos que têm combustível, assim como ocorreu nos últimos dias, permanecem lotados. É o caso do Posto Mamãe, localizado na avenida do Contorno, no bairro Floresta. Lá, a fila dobrava o quarteirão. O motorista profissional Mário Gomes, de 71 anos, foi um que dos que enfrentou a fila, que tinha mais de 30 carros. Ele ficou por quase duas horas para conseguir abastecer o carro. "Ouvi boatos da greve e não quis arriscar ficar sem combustível", explicou.
Em outro posto, na avenida dos Andradas, o empresário Wesley Santos também teve transtorno para abastecer. Ele confessou que só entrou na fila pois o carro já estava quase zerado. "Foi a primeira vez que enfrentei uma fila desse tamanho", observou. O administrador Carlos Noronha também foi obrigado a enfileira o carro atrás de vários outros para conseguir comprar gasolina. Ele credita a alta procura pelos boatos espalhados na web.
Apesar do movimento recorde do fim de semana, por causa dos boatos que a greve dos tanqueiros iniciaria na manhã desta segunda-feira, muitos postos não ficaram desabastecidos pois receberam cargas de combustível no período.
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Fila de carros ao longo da avenida do Contorno para conseguir abastecer
Estado de greve
O Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque-MG) declarou, desde a meia-noite desta segunda, estado de greve. No entanto, o sindicato garantiu que, por enquanto, os combustíveis estão sendo entregues normalmente.
Os caminhoneiros que transportam diesel e gasolina, conhecidos como tanqueiros, explicam que neste primeiro dia de movimento estão negociando com as distribuidoras e com o governo federal. Eles querem o cumprimento da Lei do Frete e a redução do preço do diesel. Caso não cheguem a um acordo sobre as reivindicações, os tanqueiros não descartam cruzar os braços.
Lei do Frete 
Conforme o Sindtanque, uma das principais reivindicações da categoria é o cumprimento da Lei 13.703/2018, conhecida como Lei do Frete. Ela foi sancionada em 8 de agosto e instituiu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Mas os tanqueiros reclamam que as regras não estão sendo cumpridas.
"Desde a publicação da lei, por falta de fiscalização, os transportadores, de todos os setores, vêm amargando grandes prejuízos, pois os embarcadores têm se recusado a obedecer a tabela de frete mínimo. Exemplo disso é a própria BR Distribuidora, que reduziu o frete em mais de 20% em seus leilões”, justifica o presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes.
Ele também critica o aumento de 13% no preço do diesel, nas refinarias, anunciado pela Petrobras no dia 31 de agosto. “Mesmo com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, o governo tem que cumprir a Medida Provisória 838/2018 e manter a subvenção de R$ 0,46 no valor do diesel até o final do ano”, cobrou.
A reportagem procurou pela BR, distribuidora da Petrobras, e aguarda retorno.
Outras entidades
O presidente da Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), José Roberto, garante que não há paralisação marcada para acontecer nas próximas semanas. “No momento estamos ainda nos reunindo e discutindo uma possível paralisação para acontecer na semana das eleições, é nisto que estamos trabalhando”, afirma.
Já a União dos Caminhoneiros do Brasil (UDC) divulgou uma nota comunicando o planejamento de uma mobilização que vai acontecer no próximo dia 10 de setembro, iniciando uma paralisação por tempo indeterminado. Em nota, a UDC afirma que a paralisação prevista para a próxima semana é em decorrência da falta de fiscalização da ANTT sobre o cumprimento dos valores previstos na tabela de frete instituída na resolução 5.820 de 30 de maio de 2018, e do aumento do preço do diesel, que varia entre 13% e 14,5%, em todo o país.

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