quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Todos querem ser o anti-Bolsonaro, porque a rejeição a ele está aumentando


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Bolsonaro é o candidato com maior índice rejeição, 39%
Bernardo Mello Franco
O Globo

No ano passado, Ciro Gomes repetia que era preciso ter “compreensão” com os eleitores inclinados a votar em Jair Bolsonaro. O ex-ministro argumentava que o crescimento do capitão seria produto de uma sociedade assustada pela violência.
“Num país como o nosso, com a população carregando o espinho do medo no coração, é absolutamente compreensível que haja pessoas que queiram ir pelo atalho do ‘bandido bom é bandido morto’”, disse, numa entrevista de rádio. “Mas eu acho que o Brasil engole essa azeitona e cospe o caroço”, acrescentou, sugerindo que não via risco de o deputado se eleger.
ATAQUE DIRETO – O tempo passou, e o diagnóstico mudou. Ontem Ciro mudou o tom e desferiu um ataque direto aos eleitores do capitão, a quem chamou de “Hitlerzinho tropical”.
“O cara que vota no Bolsonaro está querendo que o Brasil morra. Está querendo que a minha nação seja destruída”, disse, em Brasília. “Para mim, isso é inimigo da pátria”, arrematou.
O novo discurso reflete uma mudança na percepção nas campanhas. A menos de 40 dias da eleição, os presidenciáveis constataram que é forte a chance de o militar reformado ir ao segundo turno. Isso precipitou uma disputa para ver quem encarna melhor o papel de Anti-Bolsonaro.
NO DEBATE – Marina Silva saiu na frente ao confrontar o capitão no debate da RedeTV!. Em seu melhor momento na disputa, ela encurralou o deputado após ouvir uma pergunta sobre a liberação de armas. “Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência. Nós somos mães, educamos nosso filhos. Você fica ensinando para os jovens que têm de resolver as coisas na base do grito”, repreendeu.
Ao atacar quem vota em Bolsonaro, Ciro mostra que não tem mais nenhuma esperança de seduzir seus eleitores. O jogo agora é outro: apresentar-se como o candidato com maior chance de derrotá-lo num confronto direto. Segundo o Datafolha, o capitão ostenta a maior taxa de rejeição da disputa: 39%. Se o índice continuar a crescer, seu adversário pode chegar ao segundo turno com um pé na rampa do Planalto.
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