A negociação feita no
Planalto, na noite de domingo, certamente não foi a melhor para a
sociedade brasileira que pagará o pato pelas concessões feitas. Post de
Ricardo Vélez-Rodríguez, via Rocinante:
A situação não é das
melhores após a negociação feita pelo enfraquecido governo Temer com os
caminhoneiros grevistas: mais um reforço do pano de fundo
patrimonialista que nos assoberba e que sai caro para o bolso do
contribuinte.
A negociação feita no
Planalto, na noite de domingo, certamente não foi a melhor para a
sociedade brasileira que pagará o pato pelas concessões feitas. É claro
que os impostos escorchantes embutidos no preço dos combustíveis são um
peso que penaliza os contribuintes. Mas não se trata de algo que afete
unicamente aos caminhoneiros. A solução dada pelo Governo deveria visar,
como diriam os utilitaristas, “a felicidade geral da Nação”, não apenas
o bem-estar de uma parcela da mesma. O que aconteceu foi o seguinte:
foi atendido quem tinha na mão armas para fazer valer as suas
reivindicações. Típica chantagem de grevista que fala grosso para um
governo acostumado à negociação patrimonialista, sem levar em
consideração a totalidade dos cidadãos.
Marcos Lisboa, em
artigo publicado na Folha de S. Paulo, foi ao cerne da questão quando
escreveu: “O acordo imposto ao governo federal pede reserva de mercado a
sindicatos de motoristas autônomos para oferecer serviços de
transporte, que ficariam dispensados da lei de licitação; pede
tabelamento de preços para transporte por caminhões. A conta será paga
pelo contribuinte. Por todos nós. O descontrole do país resulta dos
muitos grupos que defendem seus interesses particulares ainda que em
benefício do país, em meio a salvadores da pátria que acham razoável
descumprir a lei para fazer o que acham melhor. Dissemina-se o
desrespeito à norma legal”.
Com o precedente
adotado de atender a quem mais grita à margem da lei, abre-se a porta
para o que conhecido economista identificou como "desobediência
tributária", a ser posta em prática por outros grupos que acharem que
têm poder de chantagem sobre um governo fraco e pusilânime. Ruim para
todos nós. e ruim para o Brasil.
Os gatos gordos do
lulopetismo, sediados no Sindicato dos Petroleiros, vinculado à CUT, já
anunciaram greve "de apoio" aos caminhoneiros, com o objetivo óbvio de
pescar em águas turvas e dar oxigênio ao chefe Lula, no seu esforço
impatriótico de surfar em cima da crise.
Como faz falta no
Brasil uma estadista da altura de Margareth Thatcher (primeira-ministra
entre 1979 e 1990), que diante de um escolho semelhante ao encontrado
pelo atual presidente, não titubeou por um instante: privatizou a
estatal inglesa, a British Petroleum, tomada de assalto pelo sindicato
de trabalhistas que fez mergulhar a economia do país em penosa pendente
de reivindicações descabidas, praticadas pelos gatos obesos do
estatismo. Consequência: a Inglaterra dos anos 80 saiu do buraco,
retomou o fôlego e a economia cresceu aceleradamente para benefício de
todos os cidadãos.
No Brasil das
políticas meia-sola já estamos certos de uma coisa: os 30% da reserva de
mercado que garante fretes da Companhia de Abastecimento aos grevistas
autônomos, bem como os 10 bi de redução de tributos serão pagos por nós,
contribuintes.
Solução pela metade.
Tomara que os motoristas em greve, pelo país afora, respeitem o pacto
assinado com o Planalto, voltem ao trabalho hoje e desobstruam as
estradas que, fechadas, comprometem o dia a dia dos cidadãos deste país.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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