terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ministério da Segurança só funcionará se tiver forte base de apoio militar


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Criação de ministério ocorre em meio à violência no Rio
Sem apoio militar, Ministério da Segurança  não sai do papel
Pedro do Coutto
O presidente Michel Temer criou o Ministério da Segurança Pública e no cargo de titular da Pasta Extraordinária investiu o ministro Raul Jungmann. Paralelamente, nomeou o General Joaquim Silva e Luna para o Ministério da Defesa. Torna-se evidente que o Ministério da Segurança, para funcionar de verdade, necessita de apoio das Forças Armadas. Claro. Porque, sem as Forças Armadas, os órgãos estaduais da segurança no Rio de Janeiro não conseguiram conter a onda de criminalidade que se projeta de forma assustadora, principalmente na cidade do Rio. Um pensamento complementa o outro: pois se não houvesse a condicionante militar no processo, nenhum esforço para garantir a ordem pública poderia fornecer resultado positivo.
Tanto assim que o Presidente da República, na tentativa de conter a desordem urbana, decretou a intervenção federal na segurança do RJ e nomeou como interventor o General Walter Braga Netto.
SEM LIMITES – A insegurança transbordou em todos os limites imagináveis, transformando o Rio de Janeiro num cenário semelhante ao de uma guerra civil, na qual as maiores vítimas são as pessoas inocentes. Não havia um dia, na cidade, em que não se registrasseM tiroteios cerrados. Bandos rivais, lutando pela conquista de espaços para a venda de drogas, produziam a insegurança coletiva, resultando numa saraivada de balas perdidas vitimando sem rumo certo pessoas de todas as idades. A situação era – e ainda é – insuportável.
Um reflexo de uma série de omissões que se acumularam através do tempo. O repórter Marco Antonio Carvalho, edição de ontem de O Estado de São Paulo, destacou que o plano emergencial de segurança, lançado exatamente há um ano, não saiu do papel. Esse é um dos problemas mais graves da administração brasileira e, mais grave ainda, tratando-se da desadministração que infelizmente governa os destinos  da população carioca e fluminense.
ATÉ NA SAÚDE – A corrupção generalizada chegou ao ponto de deixar que remédios perdessem a validade, para que fossem adquiridos novos fornecimentos. A crueldade absurda que reveste esse crime foi exibida no Fantástico de domingo na Rede Globo. Custa a crer que administradores dos mais altos escalões que funcionavam ao lado do Palácio Guanabara pudessem chegar a esse ponto de extrema crueldade e ganância criminosa total.
Basta acentuar que milhares de seres humanos perderam a vida em tão criminosa ganância. Neste caso, a ganância governamental se iguala em todos os planos à ganância assassina dos traficantes de drogas.
Mas esta é outra questão, na raiz de muitas outras que se instalaram na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A partir daí torna-se mais fácil traduzir o estado de calamidade que, como um terremoto abalou os alicerces da ordem pública.
CRIOU-SE UM ABISMO – O exemplo vem de cima, costuma-se dizer. Porém, no Rio de Janeiro, foram perfurados os limites da ordem e criou-se um abismo entre os agentes da desordem e a população trabalhadora.
A intervenção foi um ato cirúrgico de emergência, depois de tantos chamados de emergência não correspondidos pelas autoridades estaduais. Os roubos se sucederam de maneira avassaladora.
Avassaladora foi também a expansão do tráfico de drogas e armas, ocorrido em grande parte em face da falta de recursos para que o sistema policial pudesse operar efetivamente. Ontem mesmo, uma viatura da PM ferveu no momento em que se deslocava para conter uma ação criminosa.
Ferveu também a capacidade de o povo aguardar uma solução. Não exige nada demais: quer apenas viver.
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