domingo, 25 de fevereiro de 2018

Briga de candidaturas entre Meirelles e Temer é do tipo “comédia pastelão”


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Os dois são candidatos, mesmo sem chances
Carlos Newton
As cenas são hilariantes. O presidente Michel Temer e o ainda ministro Henrique Meirelles mais parecem uma dupla de comediantes, ao disputar uma candidatura completamente inviável e que tem um encontro marcado com o fracasso. Ninguém acredita que possam sequer disputar a eleição. Mesmo assim, eles têm esperanças de reverter as pesquisas eleitorais. Mas isso só funciona como piada, por óbvio. Foi o que aconteceu em dezembro, no almoço de fim de ano dos jornalistas do antigo “Correio da Manhã”. O mestre Fuad Atala me perguntou sobre a eleição e todos caíram na gargalhada quando eu disse que Temer e Meirelles seriam candidatos. Ninguém leva os dois a sério, é claro.
De toda forma, o presidente e o ministro estão em campanha e disputam a mesma faixa de eleitores – aquela minoria que aprova o governo Temer. Na última pesquisa Ibope, divulgada em 20 de dezembro, o índice “Bom/Ótimo” subiu de 3% para 6%, enquanto 16% considerassem “Regular”.
ENTUSIASMO – Embora a rejeição ao governo Temer continuasse nas alturas (74%), o Planalto se entusiasmou com este Ibope de dois meses atrás e agora encomendou outra pesquisa, para conferir a repercussão do decreto que implantou a intervenção federal na segurança pública do Rio.
Mas nem tudo é alegria no Planalto, porque o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acha que esses 6% de “Bom/Ótimo” pertencem a ele, e por isso insiste em disputar a eleição. Essa possibilidade leva Temer ao desespero, porque precisa desesperadamente ser reeleito, para ter foro privilegiado e escapar da cadeia, e Meirelles vai atrapalhar sua candidatura.
Temer imitou Lula e pediu que Meirelles fique no governo até o final, mas o ministro está decidido a  enfrentar às urnas. No café-da-manhã com mais de 100 jornalistas, antes do Natal, Temer perguntou a Meirelles se ele ia ser candidato, para fazê-lo desistir, mas o ministro saiu pela tangente e disse que ainda iria resolver.
MEIRELLES AGE – Nesta sexta-feira, Temer deu entrevista para dizer que vai disputar a eleição. Meirelles aproveitou a deixa e decidiu comunicar ao presidente que deseja ser o candidato do MDB. Assim, transferiu a Temer  a responsabilidade por vetá-lo para representar o MDB, que “oficialmente” não tem candidato.
Temer e Meirelles se odeiam, tentam manter as aparências, mas estão prestes ao rompimento.  Segundo a Folha, eles conversaram reservadamente neste sábado sobre o cenário eleitoral, quando o ministro externou diretamente sua vontade de ser o candidato do governo este ano, pelo MDB.
Os dois ficaram numa saia justa, ninguém sabe o resultado desta conversa, mas nada mudou — Temer não quer que Meirelles seja candidato, e o ministro não quer que o presidente tente a reeleição. Portanto, tudo combinado e nada resolvido nesta conversa. 
SEM CHANCES – O fato concreto é que nenhum dos dois tem chances. Meirelles só foi candidato uma vez, em 2002, quando se tornou o deputado federal mais votado da história de Goiás, só na base da grana, não visitou um só eleitor, não fez comícios, nada, nada. Acontece que sucessão presidencial é outra conversa. O dinheiro influi, mas não decide a eleição. Encurralado, Meirelles tenta se aproximar dos evangélicos, seu esforço chega a ser ridículo.
Temer é outro cultivador de ilusões. Com a intervenção militar no Rio de Janeiro e a recuperação da economia, ele pensa que esses resultados serão revertidos em votos. Doce ilusão. Escapou de dois processos no Supremo, mas continuou sendo investigado e a força-tarefa da Lava Jato preparou um dossiê devastador contra ele. Quando Temer estiver em campanha, será um vazamento atrás do outro, vão reduzir a pó a imagem do presidente.
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