segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Os riscos que a economia sofre em 2018

economia Riscos estão sempre rondando qualquer economia.
Alguns podem ser mais difíceis de se antecipar do que outros, como uma guerra, um colapso repentino dos mercados financeiros ou um desastre natural de grandes proporções.
Mas, em determinados casos, há sinais que alertam os economistas para potenciais ameaças e que permitem fazer previsões no curto e no médio prazo.
Neste início de 2018, diversos organismos internacionais listaram as possíveis ameaças à economia mundial. Apesar da previsão de crescimento de 3,1% para este ano, ainda existem incógnitas e ameaças latentes.
Confira abaixo algumas dos riscos projetados para o ano, de acordo com especialistas consultados pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC:
José Juan Ruiz, economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID):
– Riscos geopolíticos e de estabilidade das instituições e das regras globais. Qual será o futuro da Organização Mundial do Comércio e do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)? Haverá uma escalada das tensões entre EUA e Coreia do Norte, ou entre EUA e China? Estas são algumas das incertezas que podem prejudicar a economia.
– Queda do crescimento da produtividade, tanto em países desenvolvidos como emergentes. Hoje a produtividade cresce menos do que no passado, porque mundo ainda não sabe como utilizar bem as novas tecnologias nos sistemas produtivos. Outro elemento que influi nessa dinâmica é o envelhecimento crescente da população, que diminui a faixa dos economicamente ativos.
– A surpresa da inflação. Há um consenso amplo no mundo de que estamos em uma fase de inflações estruturalmente baixas, com condições monetárias muito favoráveis e mercados abundantes que criam riqueza financeira com pouca volatilidade. Isso provocou uma sincronização da recuperação econômica. Mas, se a inflação subir nos Estados Unidos (que é o esperado), pode haver um aumento na taxa de juros e mudanças nesse cenário.
– Aumento dos níveis de endividamento do setor privado e também dos próprios países. Com isso, alguns recursos que seriam usados em investimentos ou em programas sociais terão que ser destinados a pagar a dívida.
– Há um dilema moral. As empresas precisam apostar no bem comum, e não apenas nos lucros dos acionistas. Isso é um risco, mas levanta a questão sobre como as empresas podem ganhar legitimidade perante uma sociedade cada vez mais cansada do aumento da desigualdade. Eu acredito que esse debate pode ter um efeito importante.
Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal):
– Mudança climática. Este é o maior desafio que estamos enfrentando. O aquecimento global, os desastres naturais, a escassez de água e a contaminação podem colocar 122 milhões de pessoas na pobreza extrema, além das que já estão nessa situação hoje.
– Crescente desigualdade. O aumento da desigualdade de renda e a polarização social são consequências adversas da hiperglobalização, especialmente no mundo desenvolvido. Hoje existem oito pessoas que concentram uma riqueza equivalente à de 50% da população mundial mais pobre. A desigualdade ameaça a sustentabilidade econômica e social do atual modelo de desenvolvimento; seus custos ameaçam o bem-estar, o investimento e a inovação.
– Diminuição da confiança na democracia. Uma cultura baseada em privilégios transforma as diferenças em desigualdades. Estas tensões sociais, combinadas com incertezas, têm enfraquecido a confiança pública nas instituições democráticas.
– Crise do multilateralismo. Os grandes e persistentes desequilíbrios na conta corrente dos países, juntamente com as mudanças de localização de empresas e a piora nas condições de trabalho, têm provocado um ressurgimento do protecionismo em muitos lugares. Isso, combinado com negociações comerciais ineficientes, enfraquece o sistema de comércio multilateral internacional.
– Impacto desigual da revolução tecnológica. Mais de 40% da humanidade continua desconectada, não participa e nem tem voz na nova economia digital. Assim como as novas tecnologias redefinem os produtos e o mercado de trabalho, a distribuição desigual e o consumo dessas tecnologias afetam o crescimento e criam novas desigualdades.
Carlos Arteta, economista líder do Grupo de Perspectivas Globais de Desenvolvimento do Banco Mundial:
– Endurecimento abrupto das condições internacionais de financiamento. Isso pode acontecer caso os mercados financeiros reavaliem a velocidade com que os bancos centrais doa países desenvolvidos normalizam suas políticas monetárias. Por exemplo, se a inflação nessas economias crescer mais do que o previsto.
– Reajuste muito rápido nos mercados de ações. Este risco tem aumentado devido a níveis muito altos registrados nas bolsas de valores mais importantes do mundo, assim como baixas taxas de juros. Essas condições poderiam mudar rapidamente e gerar tensão financeira.
– Aumento das restrições ao comércio. A ameaça tem crescido diante das tendências protecionistas de algumas das economias mais importantes do mundo, como a dos Estados Unidos.
– Crescimento da incerteza na política econômica. Mudanças drásticas na condução da economia poderiam afetar as decisões de investimento.
– Aumento das tensões geopolíticas. Um endurecimento das tensões na península coreana ou no Oriente Médio, por exemplo, poderia minar a confiança e prejudicar a atividade econômica.
R7

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