Gabriela Mistral: "o futuro das crianças é hoje. Amanhã já será tarde demais. |
Artigo de
Pedro Valls Feu Rosa, desembargador do Espírito Santo, analisa
relatórios produzidos no Reino Unido sobre abuso sexual que são de
espantar qualquer pessoa. O pior é que há crianças que abusam de outras,
segundo esses estudos. Texto publicado no Blog do Puggina:
Adultos
molestarem sexualmente crianças é algo repulsivo. A humanidade, porém,
está produzindo algo seguramente ainda pior: crianças que abusam
sexualmente de outras crianças.
Acaba de
ser divulgado, no Reino Unido, um chocante relatório noticiando nada
menos que 30.000 casos de abusos sexuais entre crianças, acontecidos nos
últimos quatro anos - 2.625 deles verificados em escolas. Dentre os
abusos reportados, 255 estupros.
Constatou-se
que este sério problema só tem se agravado: de 4.603 casos em 2013
passou para 7.866 em 2016 - um aumento de 71%. Se considerados apenas os
atos praticados por menores de dez anos, estaríamos a falar em mais do
dobro: 204 em 2013 contra 456 em 2016.
Como
explicar-se este fenômeno? Começo por um outro estudo, igualmente
realizado no Reino Unido, segundo o qual nada menos que um terço das
crianças até dez anos de idade veem pornografia na Internet. E oito a
cada dez na faixa dos 14 aos 16 anos o fazem regularmente.
Localizei
uma terceira pesquisa, indicando que na década de 1990 havia, quando
muito, 7.000 imagens indecentes de crianças circulando na Internet -
hoje, segundo estimativas conservadoras, este número já passa dos cem
milhões.
Em
recente julgamento acontecido naquele país, um juiz culpou tal quadro ao
deparar-se com uma criança de 12 anos de idade que estuprou sua irmã,
de apenas sete anos, após jogar um videogame no qual o objetivo era
violar mulheres.
Vamos a
outro episódio: uma criança de dez anos de idade estuprou sua irmã, que
mal havia completado oito anos, após tornar-se viciado em fotografias
pornográficas que via na Internet. Há ainda o caso da menina russa
viciada em pornografia, que contava apenas 12 anos de idade. Proibida
pelos pais de acessar a Internet, suicidou-se.
O pior é
que nada se faz - afinal, reza a hipocrisia corrente ser "politicamente
incorreto" criticar-se a disseminação da pornografia, protegida que
seria por uma certa "liberdade de expressão"!
Diante
desta realidade, somente nos resta recordar Joubert, segundo quem "as
crianças tem mais necessidade de modelos do que de críticas". Ou Karl
Menninger, a nos alertar para o fato de que "tudo o que você faz por uma
criança ela fará pela sociedade". Ou, finalmente, Gabriela Mistral: "o
futuro das crianças é hoje. Amanhá já é tarde demais".
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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