A tarefa da vice do
premier Mariano Rajoy, Soraya Sáenz, é estabelecer um governo interino
em Barcelona. Mas o diabo é o que fazer com o governo atual. Texto de Vilma Gryzinski, via Veja.com:
Ela é provavelmente a
mulher mais poderosa da Espanha desde Isabel, a Católica. Quando tem
uma missão espinhosa, o primeiro-ministro Mariano Rajoy chama a
assessora em quem mais confia, Soraya Sáenz de Santa Maria.
Mas nada se compara
ao que Soraya tem que fazer agora: assumir a intervenção na Catalunha,
em cumprimento do artigo constitucional aprovado pelo Senado. E todo
mundo sabe que a Catalunha acabou de declarar a independência.
Como conviverão os dois universos paralelos: o do governo de transição e o do governo que se declarou independente?
É um problema sem
precedentes na história dos Estados modernos. O governo central tem a
constituição, as leis, a razão de Estado, o apoio internacional e até
força policial, a Guarda Civil, para operar a intervenção.
Tudo isso pode
fraquejar se houver confrontos com as autoridades do governo catalão
rebelado, que continuam exatamente onde estavam. Serão arrastados para
fora de um governo que agora consideram independente?
Soraya tem o papel
mais absurdamente difícil: substituir as principais autoridades do
executivo catalão, Carles Puigdemont, e seu vice, Oriol Junqueras.
Aos 46 anos, ela
ocupa três cargos no governo, dos quais o mais conhecido é o de
vice-primeira-ministra. Também tem sob seu comando o Serviço Nacional de
Inteligência – ou seja, é a chefe dos espiões.
Quando Rajoy foi
eleito pela primeira vez, em 2011, ela havia dado à luz apenas uma
semana antes. Assumiu imediatamente as funções de braço direito do
primeiro-ministro, que na Espanha é chamado de presidente do governo.
Escapava de três em
três horas para amamentar. Ignorou as críticas por não tirar licença
maternidade e disse que era assunto dela e do marido, com quem se casou
durante uma viagem ao Brasil.
Soraya forma com
Rajoy uma dupla improvável. Ele é alto e austero, raramente sorri em
público, usa vocabulário formal. Tem a imagem de um jesuíta à moda
antiga pintado por El Greco.
Ela tem 1,50 de
altura, uns quilinhos a mais, uma massa de cabelos armados e um jeito de
falar descontraído. Já disse sobre sua carreira: “Ninguém dava um
tostão por mim”. Quando é fotografada perto de Rajoy ou, pior ainda, do
rei Felipe, com seus mais de 2 metros de altura, parece uma personagem
daquelas bem pequenas pintada por Velásquez em As Meninas.
Quem subestimar
Soraya por causa dessas características corre algum risco de errar. Ela é
uma espécie de faz-tudo de Rajoy, principalmente quando “tudo” exige
disciplina e capacidade inquebrantável de trabalho. Ou é um pepino.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário