sábado, 27 de maio de 2017

Placa Preta: O troféu dos colecionadores


Lhays Feliciano
A TARDE
MGB 1974 tem peças originais e desfila nos eventos com placa preta - Foto: Veteran Car Club
MGB 1974 tem peças originais e desfila nos eventos com placa preta
Veteran Car Club
Cadillac 1961, Impala 1965, Rolls-Royce 1965 e Porsche 1951. O que esses carros têm em comum? Todos exibem a placa preta. Dos 72 carros antigos que fazem parte da coleção de Jorge Cirne, diretor da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) para as regiões Norte e Nordeste, 40 estão emplacados com o pedaço de metal diferenciado. Colocar a placa preta nos carros antigos é uma tradição entre colecionadores. "É uma espécie de troféu, mostra que o modelo está preservado e bem cuidado", comenta Cirne.
A Resolução nº 56 do Contran e a Lei 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabeleceram que os veículos antigos, nacionais e estrangeiros, com mais de 30 anos de fabricação e que mantenham suas características originais seriam diferenciados dos demais automóveis por meio da placa de cor escura com letras cinzas. Mas, para conseguir o "troféu", os veículos precisam passar por algumas exigências.

Ferrari tem a placa de cor preta que determina a categoria desse grupo seleto de veículos.
Passo a passo
O primeiro requisito para a troca da placa é que o carro antigo deve ter sido fabricado há mais de 30 anos, ou seja, só são válidos veículos produzidos antes de 1987. Em seguida, o próximo passo é fazer a vistoria para verificar a originalidade e o bom estado das peças do carro. Normalmente, os motoristas buscam realizar as avaliações em clubes associados da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), que é credenciada e certificada pela Fédération Internationale des Véhicules Anciens, a entidade máxima do antigomobilismo em âmbito mundial.
Em Salvador, o Veteran Car Clube realiza a vistoria mensalmente – todo primeiro sábado do mês. Três especialistas técnicos checam, com a ajuda de uma planilha, item por item do automóvel, que deve apresentar originalidade mínima de 80% e estado de conservação mínimo de 70%. Alguns equipamentos precisam estar intactos – se o jogo de rodas, por exemplo, não for da época, o modelo nem passa pela vistoria. Troca de motor é outra situação excludente.
Para se tornar um filiado do clube deve-se pagar uma mensalidade de R$ 100. Feita a vistoria, em caso de aprovação, o clube emitirá o COVC (certificado de originalidade de veículo de coleção) em quatro vias, sendo que uma fica com o clube, uma é enviada ao Denatran, uma deve ser enviada ao Detran e outra deve ser guardada com o proprietário e entregue numa futura venda ao novo proprietário.
Após emitido o certificado, o proprietário pode concluir o processo com o Detran ou com a ajuda de um despachante e receber o novo documento do carro. Para evitar desgaste e facilitar a realização de todo o processo de mudança de placa, que envolve levar a documentação ao Detran, pagar as taxas, Sedex, selo e placa, o associado pode deixar tudo sob responsabilidade do clube, mas para isso precisa desembolsar R$ 750. Todo o serviço para a substituição das placas dura cerca de 45 dias. O Veteran Car Clube tem 70 membros e cerca de 200 carros, 50% dos automóveis usam placa preta.
O comerciante Marcos Borges passou por esse processo duas vezes para emplacar seu VW Fusca e seu Karmann-Ghia, ambos 1966. O cuidado e a paixão pelos carros fez Marcos montar uma minioficina em sua casa e uma garagem de 110 m² só para guardar os modelos. "A placa preta aguça a curiosidade das pessoas nas ruas e exibe o diferencial do carro antigo conservado. Cuido como se fossem meus filhos, a cada seis meses faço manutenção preventiva em todos os automóveis, e qualquer arranhão ou desgaste que aparece, logo resolvo", explica Borges.

Karmann-Ghia 1966

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