Correio Braziliense
Gente graúda do governo garante que o grande responsável pela demissão de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi o secretário-geral da Presidência da República, Moreira Franco. Ele vinha alimentando a pressão sobre ela e plantando notícias de que o presidente Michel Temer estaria insatisfeito com o trabalho realizado pela executiva.
A pressão de Moreira sobre Maria Silvia, segundo técnicos da equipe econômica, começou no início do ano. Moreira passou a verbalizar para Temer as reclamações de empresários de que o BNDES estava dificultando muito a liberação de recursos num momento em que a economia estava precisando muito de crédito.
TEMER E JOESLEY – As queixas de uma ala de empresários foram verbalizadas a Michel Temer por Joesley Batista, um dos donos da JBS, na fatídica conversa com o presidente que detonou a maior crise política do atual governo. Os empresários diziam para Moreira que era impossível falar em aumento dos investimentos com Maria Silvia à frente do BNDES.
Moreira, de acordo com técnicos da equipe econômica, pregava o discurso de que, com Maria Silvia no comando do BNDES, o programa de concessões e de privatizações do governo estaria fadado ao fracasso, já que o time de Maria Silvia criaria dificuldades para liberar os financiamentos pedidos pelos potenciais vencedores dos leilões.
DENTRO DA LEI – Nos bastidores, Maria Silva rebatia que as decisões do BNDES eram todas técnicas, pautadas pela transparência e pela garantia de que todas as decisões seriam tomadas de acordo com a lei. Desde que assumiu o comando do BNDES, a executiva se deparou com uma série de questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Justiça sobre operações nada republicanas realizadas pelo banco nos últimos anos.
A maior preocupação de Maria Silvia era não ter a sua gestão contestada, sobretudo pelo fato de o BNDES estar no centro das investigações da Lava-Jato. Além disso, o banco foi obrigado a passar por um grande processo de enxugamento, devido à devolução de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional. A instituição viu o caixa minguar.
Maria Silvia é a primeira técnica do alto escalão a deixar o governo Temer. O medo dos investidores é de que Pedro Parente, presidente da Petrobras, siga o mesmo caminho. Recentemente, ele garantiu aos empregados da estatal que ficará no cargo até 2019.
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