domingo, 26 de fevereiro de 2017

Médico sanitarista alerta sobre as DSTs durante o Carnaval


‘É fundamental também pensar nos cuidados’, diz Almir Santana.
Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro faz ‘Blitz da Prevenção’.

Do G1 SE
Equipe realiza campanha a ‘Blitz da Prevenção’ (Foto: Divulgação/Ascom/Prefeitura de Socorro)Equipe realiza campanha a ‘Blitz da Prevenção’ (Foto: Divulgação/Ascom/Prefeitura de Socorro)
O médico sanitarista da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (SES), Almir Santana destaca dicas importantes para quem vai curtir o Carnaval 2017. Ele ressalta que é importante cuidar da saúde.
Almir Santana alerta sobre a importância do uso do preservativo em relações sexuais (Foto: Reprodução/TV Sergipe)Almir Santana alerta sobre a importância
do uso do preservativo em relações sexuais
(Foto: Reprodução/TV Sergipe)
“O carnaval transforma as pessoas. É a festa onde as pessoas mais mudam o comportamento. Nos quatro dias de folia, o que vale é a diversão. Na maior festa popular do Brasil, é fundamental também pensar nos cuidados com a saúde e algumas recomendações são de grande importância para que, na quarta-feira de cinzas e dias posteriores, as pessoas não tenham a saúde comprometida”, explica o médico.
A Doença do Beijo
“É muito frequente, no carnaval, o chamado ‘Beijo em Série’ onde, na passagem dos blocos carnavalescos, as pessoas se beijam numa verdadeira ‘troca de saliva’. Existem jovens que até apostam para ver quem beija mais pessoas. Nesse momento, pode está se disseminando um vírus denominado vírus Epstein-Barr (EBV), causador de uma doença infecciosa denominada mononucleose, transmitido através da saliva. A mononucleose é mais comum em adolescentes e adultos jovens e se caracteriza pelos sintomas de febre, dor de garganta e aumento dos linfonodos. O tratamento baseia-se em sintomáticos e repouso. Não há droga específica para o vírus e o quadro costuma se resolver espontaneamente em duas semanas”, diz o sanitarista.
A Candidíase Vaginal
“Calor, biquínis úmidos e roupas pouco ventiladas. Essas são as causas que fazem aumentar no verão a incidência de candidíase vaginal, infecção causada por fungos do gênero 'Candida'. Os sintomas a candidíase podem aparecer de forma súbita. Os sintomas mais comuns são coceira, ardor ao urinar e corrimento grumoso (aparência de leite talhado). Uma das orientações é que as mulheres devem evitar roupas íntimas sintéticas. Neste período, o aumento de casos de candidíase é favorecido pelo uso prolongado de roupas de banho úmidas.  O ideal é trocar a peça após o banho de mar ou piscina. É preciso também evitar tecidos que aumentem a temperatura corporal e roupas apertadas. Dar preferência ao uso de saias ao invés de calças. Há, ainda, cuidados que ajudam a evitar a candidíase: não repetir as peças íntimas, secá-las ao sol e passar antes de guardar, não usar calcinhas úmidas. Para o tratamento é feito o uso de antifúngico oral ou creme vaginal por até uma semana”, ressalta Almir Santana.
As Infecções Sexualmente Transmissíveis
“O carnaval, como é uma festa que concentra um maior número de pessoas, aumenta a probabilidade de novos relacionamentos amorosos ou não. Para alguns, o que parece vir à tona nos dias de folia é a sexualidade e a sensualidade reprimidas. Além disso, um grande aliado às mudanças comportamentais entre em cena: o abuso das bebidas alcoólicas. As drogas ilícitas também favorecem as mudanças no comportamento sexual. As pessoas perdem a percepção do risco, às vezes deixam de ser seletivos nas escolhas e passam a manter relações sexuais sem o preservativo. O carnaval, portanto, pode aumentar a vulnerabilidade às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Hepatites Virais, principalmente, a Hepatite B. Andar sempre com camisinha é a primeira decisão. Ter sempre atitude de prevenção, pensando em se proteger e evitar transmitir uma IST para o (a) parceiro (a) é fundamental. Embora a sífilis e hepatites tenham cura, podem, quando não tratadas, transformar-se em doenças crônicas, trazendo várias consequências para o organismo (lesões cardiovasculares, no caso da sífilis, e cirrose e câncer do fígado, no caso das hepatites Virais). A infecção pelo HIV tem tratamento, mas, até o momento, não tem cura e muitos medicamentos possuem efeitos colaterais”, esclarece.
Profilaxia Pós – Exposição Sexual
O médico Almir Santa explica o que fazer em caso de exposição sexual. “A PEP é a utilização da medicação antirretroviral após qualquer situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV. A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo – por isso a importância de se iniciar esta profilaxia o mais rápido possível após o contato: em até 72 horas, sendo o tratamento mais eficaz se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição. O tratamento deve ser seguido por 28 dias. Mas para evitar essa situação de estresse, em tomar medicamentos por 28 dias e esperar 30 dias para fazer o teste, é bem melhor usar camisinha nas relações sexuais. Portanto, brinquem o carnaval com alegria e diversão, mas sempre de olho nos cuidados com a saúde. O uso correto e consistente da camisinha pode evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis”, conclui o médico.
Prefeito de Socorro Padre Inaldo participando da ‘Blitz da Prevenção’ (Foto: Divulgação/Ascom/Prefeitura de Socorro)Prefeito de Socorro Padre Inaldo participando
da ‘Blitz da Prevenção’
(Foto: Divulgação/Ascom/Prefeitura de Socorro)
Campanha
A Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, Grande Aracaju, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde está realizando a ‘Blitz da Prevenção’ neste período de carnaval. Até o momento, foram distribuídos seis mil preservativos e cartazes educativos alertando a população sobre a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
HIV
O Ministério da Saúde informou que 260 mil pessoas sabem que estão infectadas pelo HIV no Brasil e não estão se tratando. Outras 112 mil têm o vírus e não sabem por não apresentarem os sintomas, de acordo com a estimativa do governo. A coletiva de imprensa desta quarta-feira (30) chama atenção para o Dia Mundial de Combate à Aids, que ocorre nesta quinta (1º).
De acordo com a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, essas pessoas que sabem que estão infectadas e não recebem o tratamento estão, em maior parte, em negação com relação ao vírus. Ou seja, não aceitam que podem desenvolver a doença.
Teste rápido para detectar HIV, sífilis e hepatite C  (Foto: Tássio Andrade/G1)Teste rápido para detectar HIV, sífilis e hepatite C
(Foto: Tássio Andrade/G1)
"O jovem muitas vezes nega sua condição sorológica. Para ele é mais complicado aceitar do que para uma pessoa acima de 50 anos”, disse Benzaken.
Somando as duas estimativas - dos brasileiros que sabem e não sabem que estão com o vírus e não tomam o coquetel contra a Aids - temos 372 mil pessoas sem o tratamento contra o HIV.
No total, o Governo Federal fez uma estimativa que 827 mil pessoas estejam vivendo com a doença no país. Destas, 715 mil já foram diagnosticadas e 455 mil estão em tratamento. O grupo destas pessoas que recebem a medicação no Brasil tem 410 mil pacientes com carga viral indetectável, com uma boa qualidade de vida e pouca chance de transmissão.
Em 2015, foram realizados 8,5 milhões de testes de HIV no Brasil. O estado com o maior número de casos por 100 mil habitantes é Roraima, com uma taxa de 8,1, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 5,4, e pelos estados do Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, ambos com um índice de 5,0 casos por 100 mil habitantes. A média nacional é de 2,5.
Redução da transmissão
A transmissão do vírus de mãe para o filho (crianças com menos de 5 anos) foi reduzida em 36% nos últimos seis anos. De acordo com o ministério, uma ampliação da testagem no pré-natal e reforço na oferta de medicação para as gestantes contribuíram para a queda das taxas.

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