sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Uso da imagem e toque de florete sobre imposto fazem Hillary vencer debate


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Hillary colocou Trump na defensiva e levou a melhor
Pedro do Coutto
Na minha opinião, foram os fatores principais para a vitória de Hillary Clinton na noite de terça-feira contra Donald Trump. Aliás, encontram-se destacados, entre outros pontos, na reportagem de Henrique Gomes Batista, correspondente de O Globo em Nova Yorque, na edição de 29. Estão programados mais dois outros confrontos nos canais da CNN e da Bloomberg, um a 9 de outubro, o último da série no dia 19, a quinze dias das urnas de novembro.
Mas eu falava do uso da imagem e do toque de florete quanto ao Imposto de Renda. Hillary apresentou-se com vestido vermelho expondo a sua figura na tela. Trump de terno escuro, o que contribui para obscurecer sua figura no plano visual. Acerto de Hillary, erro de Trump, inexplicável para ele por sua experiência na televisão.
TIPO CIDADÃO KANE – Outro aspecto: Trump esqueceu que a câmera que transmitia o duelo mantinha de forma quase permanente o foco por igual nos dois personagens. Não levou em consideração. Dessa forma expôs seguidamente sua fisionomia marcada pelo mau humor e agressividade.
Hillary, ao contrário, mesmo sem usar palavras ou interromper o adversário, alterava suas expressões na grande maioria dos casos utilizando os olhos e o sorriso para demonstrar descrédito com as colocações do republicano. Donald Trump não percebeu o processo que lançava sobre ele uma atmosfera negativa, transformando-o no Cidadão Kane.
IMPOSTO DE RENDA – Quanto ao toque da ponta de florete, foi o seguinte: Hillary cobrou de Donald Trump a abertura de sua declaração de Imposto de Renda, prática usual entre os candidatos à Casa Branca. E Hillary acentuou que a omissão poderia representar sua disposição de não pagar o tributo. Trump foi inábil e caiu na cilada, respondendo: então, estou sendo inteligente. Falou em tom de humor. Só que parte dos 100 milhões de telespectadores não interpretou assim.
O tema da fronteira com o México e a política de restrição aos imigrantes, propósitos da campanha de Trump, foram encaixados pela candidata do Partido Democrata. Levou o republicano à defensiva. Afinal, milhões de imigrantes adquiriram a cidadania e, portanto, o direito de voto. Outros ainda não.
Neste momento, o Google entrou em ação, assinala Henrique Gomes Batista. Registrou que cerca de 100 mil latinos moradores nos EUA solicitaram, em consequência do temor despertado por Trump, pedir seu direito de voto. Quer dizer: mais votos para Hillary, em síntese.
EM TERMOS VISUAIS – Retornando ao problema da imagem nas telas da CNN e Bloomberg, a reportagem que saiu no Globo apresenta uma foto a cores, aberta em oito colunas da página 30, destacando a exposição da figura de Hillary Clinton, muito mais forte, em termos visuais, que a de Donald Trump.
Trump reconheceu a derrota e afirma que nos próximos dois confrontos, será mais agressivo do que foi terça-feira. Mas para especialistas em comunicação política, agressividade é um lance negativo, porque desanima, intimida os telespectadores, como aconteceu com o personagem Kane, magistralmente interpretado por Orson Welles no passado. Porém, a intimidação é um tema eterno de todas as épocas da história universal.
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