"Geddel tem boca de jacaré para receber", diz Funaro em mensagem de texto a Cleto
O empresário Lúcio Funaro, indicado como operador financeiro do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi flagrado em mensagens de celular acusando Geddel Vieira Lima, um dos ministros mais influentes do governo de Michel Temer, de fazer pressão numa operação de R$ 330 milhões no fundo de investimento do FGTS, o FI-FGTS. As informações são da revista Época.
"Ele é boca de jacaré para receber e carneirinho para trabalhar e ainda reclamão", escreveu Funaro em uma mensagem de texto a Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa e agora delator na Lava Jato.
As conversas estão em perícia da Polícia Federal no celular de Fábio Cleto. Nelas, Cleto e Funaro usavam códigos -- Funaro era lucky (sortudo em inglês) e Cleto era GGeko, em referência ao investidor do filme Wall Street (1987), Gordon Gekko.
As conversas são de 2012, período que Cleto admitiu operar no FI-FGTS, sob ordens de Funaro e Eduardo Cunha, em troca de propina. Funaro, que foi preso pela Operação Lava Jato, diz ainda na conversa que tinha “condição total se ele me encher o saco de ir para porrada com ele”.
A reportagem indica que, de acordo com a Polícia Federal, Geddel tinha "preocupação exacerbada" com um aporte do banco para o grupo J.Malucelli, de R$ 30,6 milhões, o primeiro de um total de R$ 330 milhões. Geddel e a J.Malucelli não foram citados na delação de Fábio Cleto.
Trata-se do primeiro indício da atuação do ministro Geddel dentro do FI-FGTS, uma das novas frentes da Operação Lava Jato. Geddel foi vice-presidente do banco entre 2011 e 2013, indicado por Michel Temer, e já admitiu publicamente que se encontrava com Funaro, por cortesia. Era também era membro do Conselho de Administração da J.Malucelli Energia.
“Ele está louco atrás dessa operação da Malucelli. Já me cobrou umas 30 vezes”, diz Cleto. “Segura essa m... Ele quer f... tudo que não participa. É um porco”, diz Funaro.
Já Funaro é acusado de ser o operador financeiro dos desvios de dinheiro do FI-FGTS, controlado pelo PMDB com envolvimento de empresas como a Odebrecht e a Eldorado Celulose (que faz parte do grupo que controla marcas como JBS e Friboi).
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