O deputado
estadual Milton Rangel, líder do DEM na Assembléia do Rio, vai na
jugular da ralé funkeira, que não faz outra coisa senão exaltar a
violência, o tráfico de armas e drogas etc. Sempre chamei essa coisa de
"música" de penitenciária. Se nem arte musical é, como chamar essa bosta
de cultura? Resume bem o deputado: o funk é "uma ameaça devastadora":
É
profundamente lamentável que a música brasileira tenha chegado a esse
ponto, depois de ter encantado o planeta com a bossa nova, o chorinho, o
samba de raiz. Isso é o reflexo da falta de cultura de um país que tem
um ensino sucateado pelas aprovações automáticas. O que esperar do funk,
das pessoas que se submetem a um pancadão? Seria o cúmulo da vergonha
considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de
manifestação cultural. Isso sem falar que os bailes funk servem para
ajudar a fazer apologia ao tráfico de drogas e armas, que todos já
sabem, com letras que fazem exaltar a violência, o crime e a
prostituição.
Não que o
funk seja a causa disso tudo, mas ele exalta valores que perpetuam essa
realidade. É no funk que bandidos viram heróis em suas letras malfeitas
e sem poesia. A naturalização da violência, já tão presente na vida de
jovens e crianças que crescem em comunidades carentes, a desvalorização
da vida e a busca inconsequente por ascensão social só colaboram para
maiores índices de morte, tortura, estupro etc. São aspectos do funk que
infligem frustração e sofrimento em seres humanos. Os valores das
famílias e do amor são trocados pelas facções e pela cultura do estupro.
O funk
está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. No último dia 21 de
maio, uma menina de 16 anos sofreu um estupro coletivo após um baile
funk na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso chocou o Brasil e o mundo,
abrindo uma série de polêmicas. E quando o caso parecia não ter novas
notícias, os marginais utilizaram uma letra debochando da jovem na
internet. Os "pegadores" cuspiram na cara da sociedade, da lei.
Funk não é
cultura da favela. É cultura dos bandidos. Os que moram na favela não
consideram os traficantes como heróis, como o funk canta. Não odeiam
policiais como o funk canta. Respeitam mulheres e crianças. Enfim, o
funk não representa o pobre. Defender o funk é defender que o morador da
favela continue refém do tráfico.
Encaramos
esse movimento como destruidor de famílias, ou vamos continuar sendo
hipócritas achando que as comunidades gostam de conviver com tiroteios,
que é normal ver suas crianças sendo aliciadas, que é legal fazer de sua
porta ponto de venda e consumo de drogas e que é cinematográfico
presenciar os traficantes exibindo suas poderosas armas.
E quem
não gosta do funk e ainda tem a infelicidade de morar próximo a lugares
onde se realizam a bagunça, não pode sequer reclamar do barulho
excessivo que se estende madrugada adentro. Caso o cidadão resolva
chamar a polícia, certamente depois vai receber ameaças à sua
integridade física. Som alto não é só desrespeito. É contravenção e
crime. Enfim, o funk não é cultura. É uma ameaça devastadora. (O Globo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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