Os brasileiros sempre foram roubados, séculos antes mesmo do Escândalo da Mandioca. Mas tudo dava em nada. Uma quadrilha fazia as leis, outra quadrilha as assinava e uma terceira quadrilha, cujos comparsas eram escolhidos pela primeira, dizia que as leis eram legais, “constitucionais” e, portanto, justas, e que proteger criminosos da aristocracia não era considerado um privilégio, pois estava previsto “na lei”. Na lei que eles mesmos fizeram.
E assim os roubos da casa grande e a exploração dos moradores da senzala sempre ganharam uma maquiagem de legalidade aposta sobre a imoralidade, e se perpetuaram por séculos.
A delação premiada e a prisão em segunda instância estão para a extinção da corrupção brasileira da mesma forma que o cometa (ou meteoro) esteve para a extinção dos dinossauros. Se não tivessem sido adotadas, tudo continuaria como antes neste planeta impunidade.
SEMPRE HAVERÁ LADRÕES – Obviamente, da mesma forma que alguns descendentes dos dinossauros sobreviveram à mudança, também sobrarão alguns ladrões, claro. Mas em número e estatura bem menores do que atualmente.
Se alguém ainda se interessa pelo futuro do Brasil ou tem algum parente ou ente querido que more por estas paragens, primeiramente deve lutar para que a delação premiada e a prisão em segunda instância não sejam derrubadas pelos criminosos que ainda estão no poder, todos remanescentes das quadrilhas ora em polvorosa. E, segundamente (salvas para o Odorico Paraguaçu), exigir que os governantes construam cadeias para que as autoridades não deixem os bandidos entre a população de bem, pela suposta alegação de falta de vagas nos presídios
A esperança de um país melhor está na magistratura. Quando alguém aventa a possibilidade do juiz Sergio Moro se tornar presidente da República, não imagina que um magistrado, desde que honre a toga e a Justiça, poderá fazer muito mais pelo país defendendo e aplicando a Justiça do que como um governante, ainda mais tendo que se submeter às negociatas do Congresso, caso queira ter governabilidade.
Embora eu ache difícil, quem sabe ainda haja tempo de salvar o Brasil do caos que se avizinha?
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