sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A energia e a visão de futuro de JK: Furnas na fronteira do tempo


Pedro do Coutto
Furnas, a maior empresa elétrica do país, nasceu em 1958, exatamente há 59 anos, do compromisso com o futuro que caracterizava a personalidade e o espírito construtivo do presidente Juscelino Kubitscheck, para assegurar a energia fundamenta processo de industrialização que seu governo desencadeava. A 28 de fevereiro, início do terceiro ano de seu mandato, o projeto de energia elétrica, somado ao desenvolvimento econômico que decolava, mudava a face do Brasil.
Com a industrialização, os livros de geografia tiveram que alterar seu então clássico começo que repetia nossa classificação de vivermos num país essencialmente agrícola. A partir de JK, o país deixava de ser apenas um exportador de café e açúcar. Passou a produzir uma série de bens industriais. Nascia a indústria automobilística, a Usiminas, a Usina de Três Marias, junto com Furnas, desvendava-se a cortina para o futuro em confronto com a cortina do passado.
Lucas Lopes havia substituído José Maria Alckmim na Fazenda, Lucio Meira era ministro da Viação e Obras Públicas, hoje Ministério dos Transportes, ambos integrantes da equipe que elaborou o Plano Quinquenal de Metas. O sucesso do Plano dependia de Furnas. O futuro nacional também, Furnas não faltou e deu sequência lógica à ideia que passou a ser chamada desenvolvimentista, espécie de filosofia e um projeto voltado para sua época e que se projetaria nas épocas que vieram depois.
DE COTRIM A DECAT
Seu primeiro presidente foi John Cotrim. Hoje, é presidida por Flávio Decat. A empresa responde, nos setores de geração e transmissão, por quarenta por cento da energia consumida no país. Na transmissão, repassa a energia produzida por Itaipu. O consumo médio de energia elétrica brasileiro situa-se na escala de 65 milhões de KW.
A criação de Furnas – lembro bem, era repórter do Correio da Manhã – foi um dos marcos principais; um outro, a construção de Brasília, que funcionou, e funciona, para redistribuir a população; um terceiro a Petrobrás, presidida por Janary Nunes. JK assumiu com uma produção de 5 mil barris dia, deixou com 100 mil. O consumo, em 1960, era de 300 mil barris diários. Encontrou apenas mil quilômetros de rodovias pavimentadas, entregou a Jânio Quadros dez mil. O Brasil, antes de Furnas, gerava 5 milhões de KW de energia elétrica. Juscelino duplicou a produção. A siderurgia pôde se expandir, o parque industrial paulista se consolidou, usinas siderúrgicas operaram em corrente contínua.
A ELEIÇÃO DE NÃO HOUVE
Mas isso, hoje, é passado. Foi uma pena que JK não tivesse retornado ao poder pelas urnas de 65, na eleição que não houve. Ele teria, tenho a certeza, que ele, enfatizando e incentivando o setor agrícola, teria antecipado o futuro, como Furnas antecipa hoje na sua esfera de atuação, superando obstáculos, o maior deles, creio, a retração econômica que freia o país. Um exemplo de empenho e impulso, resgatando o espírito que norteou sua criação.
Dia 29, transcorrem 59 anos do decreto que abriu novos horizontes para o Brasil. A renúncia de Jânio Quadros obscureceu a história. Seu governo de sete meses, ele assumiu em janeiro, saiu em agosto, foi um verdadeiro desastre. Houve outros no passar do tempo. Mas Furnas continua firme como fonte e destino de progresso.
Paulo Pinheiro Chagas, deputado por Minas Gerais, classificou JK de contemporâneo do futuro. Furnas, 59, também se faz presente nessa escala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário