O luxuriante sítio de Lula, também reformado pela OAS. |
Os
anos petistas são a mais completa confusão entre público e privado. O
partido totalitário privatizou a esfera pública num processo de
aparelhamento jamais visto, além de ter revigorado o patrimonialismo
brasileiro. A propósito, segue artigo de Merval Pereira (O Globo):
Marcelo
Odebrecht, então presidente da empreiteira, comentou com conhecidos,
pouco antes de ser preso pela Operação Lava-Jato, a atuação de Leo
Pinheiro, presidente da OAS, no sítio de Atibaia: “O que que tem o Léo
ajudar o Lula naquele sítio dele? São amigos, não custa nada ajudar”.
Sabe-se
agora, pela reportagem da Folha, que o comentário era, na verdade, uma
defesa prévia, pois também a Odebrecht ajudou a reformar o sítio cuja
propriedade é atribuída ao ex-presidente.
E
o cerne da questão é justamente esse, a complacência com que o público e
o privado foram sendo misturados nesses anos petistas, em trocas de
favores entre o estado brasileiro e empresas privadas, tipo “uma mão
lava a outra”.
É
verdade que esse sistema não foi inaugurado com o PT, mas foi esse
partido que o institucionalizou, demonstrando uma capacidade
insuspeitada de organização. Diz-se que o ex-presidente Fernando
Henrique acreditava que Lula e o PT não teriam condições de governar o
país em 2002, quando foi eleito pela primeira vez, e procurariam um
acordo com o PSDB.
Ledo
e ivo engano, como gosta de dizer o Cony. A capacidade de aparelhamento
do estado revelada pelo PT nesses 13 anos de poder é impressionante,
não deixando pedra sobre pedra da construção institucional que vinha
sendo organizada depois do controle da hiperinflação.
É
nesse contexto que se inserem as investigações sobre os possíveis bens
ocultos do ex-presidente Lula, e suas palestras pelo mundo patrocinadas
por diversas empreiteiras, todas envolvidas na Operação Lava-Jato. Seria
uma resposta definitiva se Lula enviasse ao Ministério Público as
gravações de todas as palestras que deu pelo mundo, provando que não há
nada de ilícito na sua atividade.
O
maior indício do temor de Lula é a prioridade de sua equipe de
advogados de defesa: retirar do juiz Sérgio Moro a responsabilidade do
processo, alegando que o tríplex do Guarujá nada tem a ver com a
Operação da Lava-Jato. Só que tem.
A
propriedade do hoje famoso tríplex de Guarujá é controvertida
justamente pelas declarações do próprio Instituto Lula, que desde que
uma reportagem do Globo de dezembro de 2014 denunciou que Lula recebera o
tríplex com adendos incorporados ao projeto original pela OAS,
inclusive um elevador privativo interno, já confirmou a propriedade de
Lula e voltou atrás diversas vezes.
Seria
simples convocar uma entrevista coletiva com os blogueiros oficiais e
mostrar a eles documentos que provassem que o presidente, ou Dona
Marisa, devolveram as cotas que dizem ter tido no Bancoop e receberam de
volta da OAS o dinheiro aplicado.
Eles
não fariam perguntas embaraçosas e a defesa estaria disponível na
internet. Claro que é difícil explicar por que a OAS gastou mais de R$
700 mil num apartamento avaliado em R$ 1,5 milhão e ainda devolveu
dinheiro para o antigo proprietário. Ou por que um engenheiro importante
da Odebrecht aproveitou suas férias para fazer de graça um trabalho no
sítio de Atibaia sem saber direito para quem estava trabalhando e por
que.
Mas
nada de concreto é feito, só negativas vazias e ataques ao que seria
uma “caçada” a Lula, que mereceria, por seu histórico, um tratamento
“mais respeitoso”, de acordo com o ministro Jaques Wagner.
O
contrário é que seria necessário, que Lula tivesse mais respeito com a
população e desse explicações razoáveis sobre o tríplex do Guarujá e
também sobre o sítio de Atibaia, que está em nome de sócios de um filho
seu.
É
inegável que a propriedade é usada por Lula e sua família como se fosse
deles, pois até mesmo parte da sua mudança foi mandada para lá quando
ele deixou o governo, em 2010. Há depoimentos diversos, nos dois
imóveis, de gente que viu Lula e parentes usufruindo do local,
orientando obras, e comprovação da participação de executivos e
engenheiros das duas empreiteiras.
Ontem
Lula admitiu que frequenta o sítio, que seria propriedade de amigos da
família. E por que esse proprietário, Fernando Bittar, que é sócio de um
filho de Lula e filho de um líder petista, não vem a público revelar
que tem muito prazer em que Lula use seu sítio como se fosse seu? E que
gostou muito que a Odebrecht tivesse feito reformas de graça na sua
propriedade para dar mais conforto a Lula. Ou que prove que pagou pelas
reformas. O outro sócio, Jonas Suassuna, já tirou o corpo fora dizendo
sua parte no sítio não tem nada a ver com a que Lula frequenta.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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