(Folha) O anúncio oficial do inédito Orçamento com deficit tornou visível o
desconforto do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele concedeu
entrevista nesta segunda (31) ao lado de Nelson Barbosa (Planejamento),
em um cenário montado pelo Planalto para transmitir a imagem de uma
equipe econômica unida.
Ao encerrar a entrevista, Levy não respondeu aos jornalistas que
perguntaram ao ministro se ele se sentia confortável com a decisão e se
estaria de saída do governo.Chamado no fim do ano passado para dar uma guinada na política
econômica, o titular da Fazenda foi derrotado nas discussões internas
sobre a proposta de Orçamento para 2016. Segundo sua equipe, faltou
"apetite" do Planalto para fazer cortes mais drásticos nos gastos. A
interlocutores, Levy classificou o texto como "inercial".
Entre a posição dele e a de Barbosa e Aloizio Mercadante (Casa Civil)
–favoráveis ao Orçamento com deficit–, a presidente Dilma decidiu pela
proposta que o governo chamou de "realista".Esperava, assim,
sensibilizar o Legislativo a ajudar e evitar as chamadas pautas-bomba,
que geram gastos a mais.
Em recado ao governo, o titular da Fazenda disse nesta segunda crer
"firmemente na necessidade da sustentabilidade fiscal", mas que, "se
houver ambiguidade sobre isso, fica mais difícil garantir o crescimento"
econômico –referência às resistências dentro do governo ao ajuste
fiscal.
Já Barbosa destacou em sua fala a importância de encaminhar ao Congresso
uma proposta "realista e transparente", sem "maquiagens" –resposta às
críticas ao Planalto pelas "pedaladas fiscais", que ora colocam as
contas de 2014 do governo em xeque.
Para Levy, o Executivo "precisa de uma ponte" que garanta receitas para
reequilibrar as contas públicas. Esta "ponte" pode incluir "receitas
transitórias" –sinalização do
ministro ao Congresso para que aprove um aumento temporário de impostos
para cobrir o deficit de R$ 30,5 bilhões em 2016. Levy tem dito
reservadamente que a decisão de enviar um Orçamento com deficit coloca
em risco o grau de investimento do país.
DERROTAS
O ministro tem sido criticado por petistas e até por colegas de
ministério pela defesa do ajuste fiscal.Recentemente, Levy tentou
protelar a decisão de reduzir a meta fiscal
deste ano. Acabou perdendo a discussão. O superavit primário de 2015
caiu de 1,1% para 0,15% do PIB (Produto Interno Bruto).
Posteriormente, para melhorar o fluxo de caixa, segurou a antecipação do
13º dos aposentados. Perdeu outra vez, com a determinação da presidente
de fazer o pagamento em setembro
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