Enviar Orçamento 2016 com inflação mentirosa e déficit de mais de R$ 30 bilhões: o supremo ato de cinismo de Dilma Rousseff em relação ao Congresso.
(O Globo) Revoltados com a manobra do governo em
transferir ao Congresso o ônus
de aumento de impostos ou corte de programas sociais, senadores da base
e da oposição fizeram nesta segunda-feira duras críticas no plenário
sobre a Orçamento do governo para 2016 que embute um rombo de R$ 30,5
bilhões. Os parlamentares defenderam que a peça orçamentária seja
devolvida ao Executivo.
— A presidente Dilma quer entregar uma bomba que produziu para que o
Congresso desarme com aumento de impostos ou corte de despesas que é
atribuição indelegável do Executivo. O governo produziu um rombo e quem
vai ter que cobrir esse rombo somos nós? Isso é brincadeira! Resolvam o
problema que criei? Não! — protestou o presidente do DEM, senador José
Agripino (RN).
O líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), em discurso na tribuna,
disse que chegou a hora de lideranças de todos os partidos darem “um
basta” no jogo de empurra entre governo e Congresso que só agrava a
crise, e o povo “é quem paga o pato”. Maggi
disse que não há sentido, por exemplo, em continuar preparando uma
festa de 7 de setembro em Brasília, que custará milhões, ou manter a
inchada máquina pública. De tostão em tostão, disse ele, se chega “a
milhões” e “a bilhões” de gastos.
— Até a semana passada o governo ainda mascarava: iam liberar
emendas, investir em rodovias. Não vai! Agora reconhece: eu fali, eu
quebrei. Infelizmente vamos perder o grau de investimento e isso trará
efeitos desastrosos, haverá milhares de desempregados, a inflação vai
subir. Passaremos momentos muito difíceis, de privações. Chegamos ao
ponto do reinício da reorganização das contas — discursou Maggi.
O senador Aloysio Nunes Ferreira(PSDB-SP) questionou durante a fala de
Maggi: — Mas a presidente Dilma vai comandar esse processo de
reorganização? Maggi respondeu: — Se será com a presidente Dilma ou não,
o futuro é que dirá.
Falando como líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) diz que a
situação é “surreal”. E que até hoje não disse como vai cortar
ministérios para cortar gastos. — É uma posição estapafúrdia de quem dirige esse País tentar nos
jogar no colo essa herança maldita. O que o governo quer é que façamos
uma mágica para jogar recursos nos cofres da União para que o Executivo
continuar gastando. Vamos rejeitar essa missão impossível, essa mágica
não nos cabe — completou Álvaro Dias, apoiando a ideia de devolver a
proposta orçamentária.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que, infelizmente, caberá
ao Congresso o ônus de retomar as rédeas do controle econômico, mas será
preciso também ver como responsabilizar quem levou o país a essa
situação. — Há muito tempo não temos no mapa um voo de águia rumo ao
crescimento. Agora não temos nem um voo de galinha. Quebramos, nós
estamos quebrados! Mas eles tem que dizer quais as razões da quebra,
porque há cinco anos não estava assim. Quem é o responsável? Isso tem
que ter uma consequência — disse Cristovam.
Blairo disse que é preciso que todos os partidos concluam que não há
mais como continuar aprovando aumentos de salários de 70% ou criando
despesas e que todos tem que tomar providências para reduzir os gastos
públicos, com corte de cargos comissionados e diárias.
Na tribuna, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) rebateu o petista,
ao lembrar que, há oito meses, a presidente Dilma dizia que o país
estava “tudo uma maravilha”. — Há oito meses a presidente disse que
estava tudo uma maravilha.
Então ela faltou com a verdade! Viveu numa ilha da fantasia nesses
quatro anos e na campanha presidencial. Agora o país quebrou. O governo
dá, dá, dá, e o Congresso corta, corta, corta — protestou Cristovam. O
governo está desorientado, quebrado e cínico ao nos jogar essa bomba ! _
continuou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Na avaliação do senador José Medeiros (PPS-MT), o país vai perder o grau
de investimento. — Está claro que o governo da presidente Dilma não
dará o rumo e vai
jogar para o Congresso para a gente arrumar a bagunça. Temos que essa
responsabilidade caia no nosso colo. O Brasil vai perder o grau de
investimento e o governo provavelmente já sabe disso. Isso será uma
catástrofe — lamentou Medeiros.
— Esse orçamento por si só já é uma pedalada. Se vem com
desequilíbrio de R$ 30 bilhões, já está infringindo a Lei de
Responsabilidade Fiscal. O próximo passo será tentar mudar a Lei de
Diretrizes Orçamentárias para acomodar esse desequilíbrio — completou o
senador Aloysio Nunes.
O senador Valdemir Moka (PMDB-MS) disse que o relator de receita da
Comissão Mista de Orçamento terá que avaliar e ver onde cortar para
cobrir o buraco da peça orçamentária do governo.— O duro é sobrar para nós dizer onde tem que cortar para zerar esses
30 bilhões. A presidente Dilma está transferindo para o Congresso o
ônus de dizer onde tem que cortar — lamentou Moka.
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