sábado, 1 de agosto de 2015

Semana do aleitamento reforça mensagem: bebês devem mamar até os 6 meses


Raquel Ramos - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia
Semana do aleitamento reforça mensagem: bebês devem mamar até os 6 meses
TOURO – Ermelinda está feliz com a saúde do pequeno Pedro; aos 5 meses, nunca adoeceu

Ato natural e instintivo, capaz de blindar uma pessoa – dos primeiros dias de vida à fase adulta – contra diversos problemas. Não é à toa que a amamentação exclusiva, até que o bebê complete 6 meses, é prática incentivada em todo o mundo. E o assunto ganhará ainda mais destaque nos próximos dias, durante a Semana Mundial do Aleitamento Materno.

Logo após as primeiras mamadas, o neném adquire uma defesa, de forma passiva e natural, contra problemas respiratórios e intestinais, afirma a médica Annamaria Massahud, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM-MG).

A proteção é explicada pela composição do leite. Rico em anticorpos e nutrientes, faz a criança desenvolver a imunidade. “Esse é o alimento específico para o bebê. Até a água é dispensável nesse período”.

Os primeiros benefícios da amamentação exclusiva são observados pela bancária Ermelinda Frade, mãe de primeira viagem do pequeno Pedro Henrique, de 5 meses.

O menino tem uma saúde de ferro. Tanto que resfriados e febres, comuns nessa fase, nunca o afetaram, nem mesmo após vacinas. Satisfeita em ver o filho tão bem, Ermelinda pretende manter o aleitamento mesmo depois da introdução de alimentos sólidos.

Permanência

A decisão é acertada. O conselho da Organização Mundial de Saúde é que as mães continuem a fornecer leite materno até que os filhos cheguem aos 2 anos.

E, à medida que o tempo passa, mais benefícios da amamentação aparecem. “Quem recebe leite materno na infância se transforma em um adulto mais saudável. Há estudos que comprovam que a incidência de obesidade e alergia é menor nessas pessoas. Elas também correm menos risco de ter doenças coronarianas e osteoporose”, enumera Annamaria.

Até mesmo alguns tipos de câncer podem ser evitados, ressalta Leandro Ramos, oncologista clínico da Oncomed. “Estudos recentes concluíram que o leite materno tem um fator protetor contra leucemia, capaz de reduzir o risco de desenvolver a doença em 19%”.

Mamães também são beneficiadas. O ato de amamentar contribui para a recuperação do parto, reduz em 4% a chance de câncer de mama e, de quebra, auxilia no emagrecimento em função do alto gasto energético para o aleitamento.

Suplemento de risco

A composição nutritiva do leite materno tem levado fisiculturistas e adeptos radicais da vida fitness a utilizar leite humano como suplemento alimentar. Na internet, cerca de 30 mililitros do produto são vendidos, em média, por R$ 25. Rico em proteínas, muita gente acredita que o leite materno favorece o ganho de massa muscular. No entanto, a nutricionista Izabela Moraes não recomenda o consumo. “A pessoa pode ter esse mesmo benefício com outros alimentos. Laticínios, carnes e algumas sementes, por exemplo, têm muita proteína e podem ser facilmente utilizados na dieta”, afirma.

Além disso, ela alerta que o usuário que faz esse tipo de compra pela internet desconhece a procedência do leite, bem como a forma como a coleta é feita. “Talvez não tiveram o mínimo de higiene. Há também o risco de contaminação, até mesmo pelo vírus HIV”.

Projeto que amplia licença-maternidade promete auxiliar mães a atingir meta

Apesar das várias recomendações médicas para a amamentação exclusiva até os 6 meses da criança, esse ainda é um desafio para mães que trabalham. Como o período de licença-maternidade é de quatro meses, muitas ficam impedidas de atingir a meta.

O último estudo do Ministério da Saúde sobre o assunto mostrou que, em 2008, os bebês brasileiros se alimentavam apenas com o leite materno até completar, em média, 54 dias. Em Belo Horizonte, a prática só ia até os 53 dias.

Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados propõe a ampliação do período de afastamento do trabalho para seis meses. Não há data para ser votado.

Enquanto isso, cada uma se vira como pode. A bióloga Mariana Resende, de 27 anos, escolheu deixar o emprego após o fim da licença. “Não conseguiria manter a amamentação exclusiva. Hoje, a saúde da Alice (3 meses) é mais importante para mim”, afirma.

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