Flávio Tavares/Hoje em Dia
Ronaldo Goulart deixou de trabalhar em várias empresas em BH por que elas não estavam adaptadas
Embora a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho
ainda seja pequena – dos mais de 45 milhões com alguma limitação física
ou mental apenas 357,8 mil estão empregadas –, nos últimos anos houve
um aumento expressivo na inserção no mundo dos negócios. De acordo com
edição de 2014 da Relação Anual de Informações (Rais) do Ministério do
Trabalho (MTE), em 2012 e 2013 houve alta de 9,33% na contratação de
pessoas com deficiência em Minas Gerais. O índice é maior do que a média
nacional, de 8,33%.
O crescimento é reflexo da Lei 8.213, de 1991, que obriga empresas com
mais de 99 funcionários a destinar entre 2% e 5% das vagas a pessoas com
algum tipo de deficiência. E, se por um lado a lei beneficia o
trabalhador ao garantir a ele poder brigar por uma vaga de emprego, por
outro, dá aos colegas a oportunidade de conviver com essas pessoas.
“Todos temos limitações. É importante saber lidar com o outro”, afirma o
superintendente de Recursos Humanos do Verdemar, Leandro Pinho.
A empresa é pioneira em um projeto de inserção de pessoas com
deficiências mentais mais severas, como esquizofrenia e depressão aguda,
entre outros, que funciona em parceria com o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac) e com a Prefeitura de Belo Horizonte
(PBH). Cerca de 3 mil pessoas trabalham na empresa, que possui sete
unidades.
Conforme explica o superintendente de Recursos Humanos, o Centro de
Acompanhamento de Saúde da prefeitura é responsável por encaminhar os
currículos dos possíveis empregados à seleção do Verdemar. Os
interessados passam por uma triagem e os escolhidos são encaminhados a
um processo de aprimoramento realizado pelo Senac. Os cursos na entidade
são intercalados com semanas de imersão no próprio Verdemar, onde o
trabalho que será exercido diariamente é ensinado e praticado.
A primeira turma contou com 13 participantes. Eles atuaram como
aprendizes e serão efetivados como funcionários em outubro, quando o
próximo grupo começa o treinamento. Na avaliação de Pinho, a mudança no
comportamento de quem participa da ação é visível. “Nossos novos
empregados estão mais felizes, mais soltos. Uma fez vestibular e passou.
Ela disse ‘se eu posso trabalhar eu também posso fazer faculdade’.
Outra está mais feliz por contribuir com as contas da casa. Outro está
namorando. Os relatos são de que além do remédio o trabalho funciona
como parte do tratamento”, afirma o superintendente.
Aos 34 anos, Luciano Rodrigues Silva é aprendiz auxiliar de apoio de
padaria do Verdemar, será contratado em outubro, e não se contém de
felicidade. E ele já pensa no futuro. “Aprendo e ensino coisas. Quero
continuar aqui, crescer na empresa. Estou muito feliz e quero que o
Verdemar dê essa oportunidade a muitas outras pessoas. O trabalho é
muito importante para mim”, diz.
A contratação de pessoas com deficiência na Mastermaq, empresa de
desenvolvimento de software que atua nas áreas fiscal e contábil, mudou
completamente de uns anos para cá. Conforme ressalta a coordenadora de
Recursos Humanos da companhia, Carolina Gontijo Gonçalves, antes era
comum destinar vagas específicas para pessoas com algum tipo de
limitação. Hoje, as oportunidades oferecidas são as mesmas para todos.
“Claro que algumas vagas não podem ser destinadas a algumas pessoas com
alguns tipos de deficiências. No entanto, ficou claro para nós que
muitos deficientes apresentam desempenho melhor do que pessoas sem
deficiência. Por isso, igualamos as oportunidades”, afirma. A empresa
possui 380 funcionários e, por isso, reserva 3% das vagas a pessoas com
deficiência.
Um desses postos de trabalho é ocupado pelo consultor de vendas Ronaldo
Goulart. Cadeirante, ele afirma que já deixou de trabalhar em outras
empresas pelo fato de elas não serem adaptadas. “São coisas simples,
como portas mais largas, banheiro, elevador e área específica no
refeitório, que empresas grandes não possuem”, comenta.
Na Mastermaq, o trabalho do consultor de vendas não se diferencia dos
demais. “Moro sozinho e sou independente. Mas sei que as pessoas olham
diferente para quem tem alguma deficiência, mas fazemos as mesmas
coisas. Só fazemos de forma diferente”, diz.
A forma como as pessoas olham o deficiente, descrita por Goulart, é um
dos motivos pelos quais as pessoas com limitações físicas e mentais
costumam se excluir do mundo, segundo ele. “Quando eu cheguei na
empresa, há quase quatro anos, as pessoas ficavam melindradas, não
sabiam como lidar com um cadeirante. Hoje não. Elas sabem que sou como
elas e tudo funciona normalmente”, comemora.
A professora de Recrutamento e Seleção de Pessoas do Ciclo Ceap (Centro
de Estudos Avançados em Psicologia), Tatiana Guimarães Alves, ressalta
que além do preconceito do outro, a timidez e a baixa autoestima podem
atrapalhar o desempenho das pessoas com algum tipo de deficiência. “Às
vezes a pessoa se acha inferior, fica insegura e não mostra quem ela é
realmente”, garante Tatiana. Neste caso, ela indica um acompanhamento
profissional.
Oportunidades nas empresas garantem o resgate da autoestima
A contratação de pessoas com deficiência na Mastermaq, empresa de
desenvolvimento de software que atua nas áreas fiscal e contábil, mudou
completamente de uns anos para cá. Conforme ressalta a coordenadora de
Recursos Humanos da companhia, Carolina Gontijo Gonçalves, antes era
comum destinar vagas específicas para pessoas com algum tipo de
limitação. Hoje, as oportunidades oferecidas são as mesmas para todos.
“Claro que algumas vagas não podem ser destinadas a algumas pessoas com
alguns tipos de deficiências. No entanto, ficou claro para nós que
muitos deficientes apresentam desempenho melhor do que pessoas sem
deficiência. Por isso, igualamos as oportunidades”, afirma. A empresa
possui 380 funcionários e, por isso, reserva 3% das vagas a pessoas com
deficiência.
Um desses postos de trabalho é ocupado pelo consultor de vendas Ronaldo
Goulart. Cadeirante, ele afirma que já deixou de trabalhar em outras
empresas pelo fato de elas não serem adaptadas. “São coisas simples,
como portas mais largas, banheiro, elevador e área específica no
refeitório, que empresas grandes não possuem”, comenta.
Na Mastermaq, o trabalho do consultor de vendas não se diferencia dos
demais. “Moro sozinho e sou independente. Mas sei que as pessoas olham
diferente para quem tem alguma deficiência, mas fazemos as mesmas
coisas. Só fazemos de forma diferente”, diz.
A forma como as pessoas olham o deficiente, descrita por Goulart, é um
dos motivos pelos quais as pessoas com limitações físicas e mentais
costumam se excluir do mundo, segundo ele. “Quando eu cheguei na
empresa, há quase quatro anos, as pessoas ficavam melindradas, não
sabiam como lidar com um cadeirante. Hoje não. Elas sabem que sou como
elas e tudo funciona normalmente”, comemora.
A professora de Recrutamento e Seleção de Pessoas do Ciclo Ceap (Centro
de Estudos Avançados em Psicologia), Tatiana Guimarães Alves, ressalta
que além do preconceito do outro, a timidez e a baixa autoestima podem
atrapalhar o desempenho das pessoas com algum tipo de deficiência. “Às
vezes a pessoa se acha inferior, fica insegura e não mostra quem ela é
realmente”, garante Tatiana. Neste caso, ela indica um acompanhamento
profissional.
Outro lado
Apesar da exigência de preencher as cotas, o presidente da Comissão de
Direito Social e Trabalhista da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas
Gerais (OAB-MG), João Carlos Gontijo, afirma que algumas companhias têm
dificuldades em contratar pessoas com deficiências. Um dos motivos seria
o tipo de serviço prestado. Um exemplo, segundo ele, são as empresas de
transporte pesado, cujo quadro de funcionários é composto,
principalmente, por motoristas. “Há dificuldades, mas as empresas têm
que se adequar”, observa.
"Não deixo a deficiência tomar conta de mim. É importante
que a pessoa com deficiência procure sua independência. O limite está na
mente” - Ronaldo Goulart - Consultor de Vendas
68% das pessoas com deficiência empregadas em 2013, último ano da rais, eram homens. as mulheres respondiam por 35,2%
Nenhum comentário:
Postar um comentário