segunda-feira, 1 de junho de 2015

Entenda o que temos de fazer com as grandes fortunas


Flávio José Bortolotto
A economia política é igual à Astronomia: o que parece não é, o que não parece, é. Aparentemente, a Terra seria o centro do Universo e o Sol giraria ao redor da Terra, dando uma volta completa cada dia. Nada mais falso.
Também aparentemente, taxar os mais ricos com mais um IGV (Imposto sobre Grandes Fortunas) é fazer justiça social. Nada mais falso. Os ricos facilmente se livram desse IGV, montando uma empresa. Aliás, todos já fizeram isso, porque assim pagam menos Imposto de Renda.
E se subirmos o Imposto de Renda. Bem, se aumentarmos demais, haverá uma grande evasão de capital, tanto de Pessoas Jurídicas como de Pessoas Físicas. Na França se notou nitidamente isso, e o prejuízo para o Estado foi e é enorme. Depois, mesmo que o Estado dê uma marcha a ré, o capital não volta mais. Cachorro mordido por cobra…
Os ricos são os seres mais astutos que existem – se não eles, com certeza seus advogados e contadores. Jamais os pegaremos, com uma armadilha assim tão tosca.
Nossa solução para taxar mais os ricos é alardear tudo ao contrário, dizer o que Brasil será o paraíso dos ricos. Atraí-los de todo o mundo. Dizer que a economia do Brasil é “business friendly” (amiga do capital), que nosso objetivo é enriquecer os pobres e não empobrecer os ricos. Criar leis incentivando doações para fundações, escolas, hospitais, universidades, institutos de pesquisas, creches, etc., etc., porque o rico é muito sensível a ter seu nome em letras garrafais na fachada dos prédios, se imortalizando, etc., etc.
Usar ao máximo, em nossa economia, as qualidades dos ricos em organização, empreendedorismo, inovação, e mesmo administração. Depois, taxá-los normalmente com as atuais leis em vigor.
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LEMBREMOS DO QUE MARX ENSINOU…

Celso Serra
Concordo plenamente com a posição do comentarista Flávio José Bortolotto. A ideia de criar o Imposto sobre Grandes Fortunas é senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o que impõe forte dose de desconfiança ao assunto. Já sabemos como os petralhas se comportam quando suas mãos alcançam o dinheiro público.
Outro aspecto é a desconsideração de premissa básica escrita por Karl Marx, uma verdade absoluta: “O capital migra”. Isso foi escrito no século 19, quando era o ouro a reserva de valor e os capitalistas tinham que se utilizar de embarcações para transportá-lo. Agora, a migração é infinitamente mais fácil, pois basta acionar poucas teclas de um computador.
No mais, aqui em nossa pátria amada, situada em sua maior parte ao sul da linha do Equador, bem sabemos que a credibilidade do atual governo é zero e que a fuga de capitais seria fabulosa. E onde não há confiança, é difícil a ocorrência de investimentos. Esta é a realidade que as aparências não podem alterar.

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