Se o roubo na Petrobras foi de U$ 6 bilhões por que cortam o plano de negócios em U$ 90 bilhões?
(Globo) A Petrobras enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã
desta segunda-feira fato relevante contendo o plano de negócios para o
período de 2015 a 2019. No documento a empresa informa que vai investir
no período US$ 130,3 bilhões, uma redução de 37% em comparação ao plano
anterior. É o menor nível atingido pela empresa desde 2008. São US$ 90,3
bilhões a menos que no plano anterior, de 2014-2018, que previa
investimentos de US$ 220,6 bilhões. Com isso, as ações da empresa estão em alta na Bolsa de Valores de São Paulo.
A companhia informou que espera alcançar uma produção total de óleo e
gás (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de barris de óleo
equivalente em 2020. O número é 30,2% menor que os 5,3 milhões previstos
antes.
Só no Brasil, a produção de petróleo e gás natural sofrerá uma forte
redução nos próximos anos em relação ao plano anterior. Para 2020 a
produção prevista agora é de 2,8 milhões de barris diários, contra 4,2
milhões previstos anteriormente — uma queda de 33,3%. Já para este ano a
produção ficará em 2,1 milhões de barris por dia contra os 2,4 milhões
de barris previstos anteriormente.
Dos
US$ 130,3 bilhões que serão investidos de 2015 a 2019, 83%, ou seja,
US$ 108,6 bilhões serão aplicados nas áreas de Exploração e Produção,
incluindo nesse valor US$ 4,9 bilhões em negócios no exterior.
A área de Abastecimento, que foi um dos maiores focos do caso de
corrupção revelados pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal, receberá
apenas US$ 12,8 bilhões, 10% do total. Está incluída nesses
investimentos a alocação de recursos para a área de distribuição. O
setor de Gás e Energia terá um total de US$ 6,3 bilhões, 5% do total.
Outras áreas ficarão com US$ 2,6 bilhões, 2% dos investimentos totais.
As premissas usadas pela Petrobras para a elaboração do Plano de
Negócios foram: preços dos derivados no Brasil com paridade de
importação; preço do Brent (médio) a US$ 60 o barril em 2015 e US$ 70 no
período 2016-2019; taxa de câmbio (média a US$ 3,10 neste ano, US$ 3,20
em 2016, US$ 3,29 entre os anos 2017 e 2019, e US$ 3,56 em 2020.
LUCRO NO PRIMEIRO TRIMESTRE
Em maio, a
Petrobras informou que fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro
líquido de R$ 5,330 bilhões, uma leve queda de 1% em comparação aos R$
5,393 bilhões obtidos nos três primeiros meses do ano passado. O
resultado veio acima das expectativas do mercado, que projetava números
"fracos", entre R$ 2,4 bilhões e R$ 4 bilhões para o período.
A divulgação ocorreu menos de um mês depois de a Petrobras ter
divulgado o balanço do terceiro trimestre do ano passado e de todo o ano
de 2014, auditado, com cinco meses de atraso, por conta das
investigações da Lava-Jato. A companhia registrou no ano passado um
prejuízo de R$ 21,587 bilhões, o primeiro resultado negativo desde 1991.
O quarto trimestre de 2014, quando houve prejuízo de R$ 26 bilhões,
foi especialmente afetado pelas baixas contábeis relacionadas à má
gestão e as práticas de corrupção apontadas pela PF. No primeiro
trimestre de 2015, não houve esse efeito Lava-Jato.
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