domingo, 31 de maio de 2015

Centros de cessação do tabagismo ajudam maceioenses a largar o vício


No núcleo da Praça Maravilha, no Poço, 93 pessoas pararam de fumar.
Nº de desistentes ainda preocupa; tratamento é oferecido gratuitamente.

Do G1 AL
O Dia Mundial Sem Tabaco é comemorado oficialmente neste domingo (31), mas, para algumas pessoas, a luta para se livrar do vício do tabagismo é constante. Felizmente, essa batalha tem sido vencida por muitos alagoanos nos últimos anos. Em 2013, o número de fumantes no estado havia reduzido 36% em relação aos seis anos anteriores.
Alagoas reduz o número de fumantes nos últimos anos (Foto: Micaelle Morais / G1)Maceió possui centros para ajudar fumantes a a abandonar o vício do cigarro (Foto: Micaelle Morais / G1)
Porém, mesmo com as estatísticas favoráveis, para muitos ainda é difícil parar de fumar. Na tentativa de quebrar essas barreiras, alternativas gratuitas têm sido criadas em Maceió para atender a população.

Desde agosto do ano passado, o Núcleo de Cessação do Tabagismo, localizado no II Centro de Saúde Dr. Diógenes Jucá Bernardes, na Praça da Maravilha, no Poço, vem ajudando os interessados a largar o vício do cigarro.
De 280 pessoas que iniciaram o tratamento no local, 105 ainda estão em processo de manutenção, 82 desistiram e 93 pacientes conseguiram parar de fumar. Um destas foi a dona de casa Maria Cícera da Silva.
Dos 52 anos de vida, 39 deles foram de convivência com o cigarro. Verbo conjugado no passado, porque há pouco mais de um mês a dona de casa conseguiu largar o vício e agora trabalha o corpo e a mente para se manter longe dele.
"Eu comecei o tratamento há 4 meses e fui tentando parar de fumar há dois. Mas nesse tempo eu tive algumas recaídas. Eu achava que nunca ia conseguir largar o cigarro por conta própria. No início do tratamento, fiquei desestimulada, mas depois que usei o adesivo [de nicotina] e os medicamentos, melhorou aos poucos", relembra Maria Cícera.

Riscos
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo é a principal causa de mortes evitáveis e importante fator de risco para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares.
Dona Maria Cícera parou de fumar há pouco mais de um mês (Foto: Micaelle Morais/G1)Dona Maria Cícera parou de fumar há pouco mais
de um mês (Foto: Micaelle Morais/G1)
E para Marica Cícera, que já teve um pai fumante e vítima de câncer, parar de fumar era um objetivo de vida. Agora ela já sente os benefícios trazidos pela força de vontade.
"Hoje, eu durmo melhor, como melhor, sinto o gosto da comida e tenho mais disposição para fazer as coisas. Para quem deseja conseguir tudo isso, eu digo que siga em frente até o fim porque vale a pena. Bote na cabeça que vai parar de vez de fumar. Tudo depende da gente", aconselha a dona de casa.
Luta contra o cigarro
Infelizmente, a batalha contra o vício é mais difícil para alguns pacientes, que acabam desistindo no meio do tratamento. Segundo o pneumologista Fernando Guimarães, as causas de desistência são muitas, e variam de acordo com cada pessoa. "Muitas vezes falta a vontade de parar de fumar realmente, ou o paciente não se adapta ao medicamento e tem reações adversas. A roda de amigos também influencia na desistência", expõe o médico.
Guimarães explica ainda que desistir do tratamento não deve ser encarado como um defeito. E, entre algumas dicas para retomar o processo, está se afastar do cigarro de vez, evitando pessoas e locais em que o tabaco esteja presente.
"Caso a pessoa esteja interessada em parar de fumar, mas não consiga entrar no grupo de cessação, ela pode buscar orientação médica em qualquer Unidade Básica de Saúde, com qualquer médico, não apenas o pneumologista. É um direito dessas pessoas", afirma Fernando Guimarães.
Centros de tratamento
Para aqueles fumantes que desejam seguir o exemplo de Maria Cícera e iniciar um tratamento adequado e gratuito, o núcleo da Praça da Maravilha, no Poço, recebe inscrições de segunda a sexta-feira, exceto nas terças, de 8h às 11h30 e das 14h às 17h. Os interessados devem levar documento de identidade e o cartão do SUS.
Por conta da demanda, os candidatos precisam aguardar uma lista de espera. O Núcleo abre novas turmas de três em três meses, com 15 pacientes cada. O tratamento dura um ano e envolve acompanhamento psicológico, nutricional, fisioterápico e pneumológico, além do uso de medicamentos para ansiedade e adesivos de nicotina.
O pneumologista Fernando Guimarães explica que o adesivo é um método acessível e eficiente, que funciona como um repositor de nicotina, mas em menor quantidade. Desta forma, ele ajuda o organismo a se acostumar cada vez mais com a baixa quantidade do produto, até elimina-lo de vez.
Pacientes têm primeira sessão de tratamento no Núcleo da Praça Maravilha  (Foto: Micaelle Morais/G1)Pacientes têm primeira sessão de tratamento no Núcleo da Praça Maravilha (Foto: Micaelle Morais/G1)
De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de Controle do Tabagismo, Gilda Lanuzia, além da unidade na Praça Maravilha, a prefeitura de Maceió começou a administrar o programa em outros pontos da capital.
Um deles é o Hospital Universitário, que hoje atende a 60 pacientes, e terá próxima etapa de inscrição no período de 1º a 3 de junho. Os interessados devem procurar a sala do Programa de Controle do Tabagismo, das 8 às 17h.
Outras unidades são a Universidade Estadual de Ciências da Saúde Alagoas (Uncisal), que deve começar o tratamento para 30 pessoas em julho, o Hospital Portugal Ramalho, ainda sem data definida para o início do programa, e o Caps AD Dr. Everaldo Moreira, que teve início recente com 20 pacientes.

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