Uma minicidade recria a rotina do município de cerca de 1,3 mil habitantes.
Meninos usam um barranco em frente a casa onde vivem como cenário.
'Minicidade' é construída por jovens em barranco de distrito de Ouro Preto (Foto: Michele Marie/G1)
Uma vila pequena, 1.373 habitantes. Soares é distrito de Ouro Preto
e fica a 30 quilômetros do coração dourado de Minas Gerais, de onde
tantas riquezas já foram extraídas. Mas o tesouro que aquela terra
guarda nestes dias é outro: brincadeira de criança. Lá, um barranco
recria, pelas pequenas mãos de uma criança e dois adolescentes, a vida
do lugarejo.
Lucas, Otávio e Samuel contróem a
Soares miniatura (Foto: Michele Marie/G1)
Na família Avelino, os pequenos Otávio, de 8 anos; Samuel, de 13; e
Lucas, de 16; redesenharam a arquitetura da vila onde vivem. Tem empresa
de mineração, trilhas da Estrada Real, lagos, pousadas, igrejas,
fazendas e até uma engenhosa queda d’água feita por eles mesmos.Soares miniatura (Foto: Michele Marie/G1)
Samuel explica que a “mini Soares” começou em 2009. À época, Lucas, o irmão mais velho e um primo eram os companheiros de aventuras. “Esse barranco era até aqui na frente, cheio de mato. Aí a gente capinou tudo e lá em cima começou cada um com uma casinha. Aí depois a gente começou a chamar os meninos”, conta Lucas.
Os mais velhos começaram a trabalhar e os irmãos menores assumiram o gerenciamento da vila de brinquedo. A geração seguinte [dois netos de Valdete] brinca na parte mais baixa da minicidade. Para a mais alta, ainda precisam crescer para “ganhar permissão”.
Casinha miniatura é refúgio para as crianças
(Foto: Michele Marie/G1)
A vila fica montada 24 horas por dia, esperando eles voltarem da aula
para brincar. “Quando chove só molha, mas não estraga”, conta o trio. Às
vezes alguém leva um brinquedo. Outras, eles amanhecem com a surpresa
de um novo item para mais uma reforma.(Foto: Michele Marie/G1)
Mas se engana quem acha que essa criatividade surgiu repentinamente. Ela foi herdada. A mãe, Valdete Fernandes, ensinou o caminho das pedras e até como produzir o cenário quando faltam brinquedos. Uma batata, no mundo de faz de contas, pode ser presa com palitos e virar um “boizinho”. "Eu brinquei muito assim", conta a líder da família, dizendo que usava lata de sardinha para montar carrinhos com o irmão.
E a brincadeira “off-line” também não é por falta de acesso à internet. Eles têm videogame e a netinha de Valdete, de dois anos, passeia pelo quintal com um smartphone nas mãos. Mesmo assim, andar de bicicleta e recriar cidadelas ainda parece mais divertido.
“Você dá outro tipo de brinquedo e nem dura. Então tem que ser aquilo ali mesmo, que eles reformam. (...) E eles vão criando. Vão tirando, vão mudando, colocando outra coisa”, conta a mãe.
Placa indica a mini Estrada Real (Foto: Michele Marie/G1)
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