terça-feira, 28 de abril de 2015

Mercado de bolos caseiros cresce mesmo com a crise

Franquias e lojas próprias se multiplicam na capital. Mas consultor sugere cautela no investimento
 
 
Thaís Lobo

Nicho de mercado ou modismo gastronômico, lojas de bolos caseiros se espalham em Goiânia  (Wesley Costa)
Nicho de mercado ou modismo gastronômico, lojas de bolos caseiros se espalham em Goiânia (Wesley Costa)
De um lado, produtos sofisticados que transformaram o picolé numa tal de paleta mexicana. De outro, estão os bolos que perderam o recheio e a cobertura e trazem para a vida moderna o gostinho caseiro perdido no caos urbano. Em comum, ambos os produtos traduzem os modismos gastronômicos que, além de lançar tendência, movimentam o mercado e trazem novas oportunidades de negócios, mesmo na crise.
A prova de que a instabilidade econômica pode dar uma guinada nos negócios pode ser vista no sucesso da franquia Bolos do Cerrado, que só nesse mês abriu quatro lojas, todas fora do Estado. Em dois anos de atuação, a rede possui hoje 17 unidades espalhadas em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo e Acre. “Abrimos nossa primeira franquia em setembro de 2013 e vendíamos 1,8 mil bolos por mês. Hoje nossas lojas vendem uma média de 2,5 mil por mês,” garante um dos sócios da marca, Gustavo Martins.
A ideia de investir nesse negócio surgiu, segundo Gustavo, da necessidade do mundo moderno em facilitar a vida da família urbana. “
De carona no sucesso, o proprietário de uma das unidades da franquia, Vagner Alves, esbanja otimismo, mesmo com vendas em queda. “A economia desacelerou e a venda deu uma estagnada, mas acreditamos muito nesse mercado. Estamos fazendo uma reforma e temos previsão de aumento de 30% nas vendas já no segundo semestre.”

Oportunidade de investimento
Para o gestor do Programa Sebrae de Franquias, Paulo Renato Adorno, os empresários veem na crise um momento de oportunidade. “Essa pode ser a melhor época porque se criam pontos ociosos e oportunidades de investimento.”
O casal José da Silva Lima e Adriana Melo de Assis Lima foi um dos que agarraram a oportunidade de entrar no mercado de bolos caseiros. Abertos há cinco meses, eles já pensaram em abrir outra filial, mas querem aumentar as vendas para arriscar mais. “Com a instabilidade do mercado decidimos segurar um pouco a expansão. Mas já estamos vendo locais próximo ao Flamboyant para instalar nossa segunda loja,” conta José da Silva Lima.
Mais cauteloso, o proprietário da Bolos e Sabores, Maurício Goes Shumacher, prefere não pensar em expansão. Há quatro anos no mercado, ele viu suas vendas aumentarem de 47 para 200 unidades de bolo por dia, mas também acompanhou as perdas de quase 30% no último ano. “Vi seis lojas abrirem aqui na região e três delas já fecharam as portas. Acho que o mercado já está saturado,” analisa o empresário.
Apesar de considerar o mercado favorável, com previsão de expansão de 7,9% no segmento de franquias, o gestor do Sebrae acredita que o empresário deve ter estrutura e estar preparado para se manter num mercado que muda constantemente. “O bolo caseiro é como os sorvetes por quilo de 10 anos atrás. Também teve a moda dos iogurtes e agora é a vez das paletas mexicanas e dos bolos caseiros. Mas essa moda um dia acaba,” alerta Fava Adorno.

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