Jaques Wagner, Paulo Bernardo e Arlindo Chinaglia: o que eles viram e esconderam?
(Extraído de O Globo) A defesa de Ricardo Pessoa, acusado de liderar o chamado “Clube das
Empreiteiras”, quer incluir como testemunhas do empresário o ministro da
Defesa, Jaques Wagner, o deputador Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato
à Presidência da Câmara, além do ex-ministro das Comunicações Paulo
Bernardo. O empresário, dono da UTC, está preso desde novembro na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba. No início de janeiro, ele divulgou uma
carta levantando suspeitas nos contratos firmados entre empreiteiras e a
Petrobras, além de recursos doados para a campanha da presidente Dilma
Rousseff.
A
petição da defesa não explica os motivos das escolha dos políticos no
rol das 22 testemunhas a serem ouvidas em seu processo. Também está
entre as testemunhas a serem ouvidas pelo Justiça do Paraná o secretário
municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro
da campanha de 2006 do ex-presidente Lula. Ele também foi tesoureiro da
campanha de 2010 da presidente Dilma.
Em texto de seis folhas publicados em janeiro pela revista “Veja”,
Pessoa manda recado a integrantes do governo Dilma. No trecho intitulado
“Consciência de governo”, o executivo diz: “Vale para o Executivo também. As empreiteiras juntas doaram para a
campanha de Dilma milhões. Já pensou se há vinculações em algumas delas.
O que dirá o nosso procurador-geral da República. STF a se pronunciar”,
anotou.
Em outra parte, o empresário cogita que alguém denuncie o suposto elo
entre o esquema na Petrobras e a campanha presidencial. “Edinho Silva
(tesoureiro da campanha de Dilma) está preocupadíssimo. Todas as
empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram
para a campanha de Dilma. Será se (sic) falarão sobre vinculações
campanha x obras da Petrobras?”, questiona.
O empreiteiro também afirma que o esquema desvendado pela Polícia
Federal pode ser maior: “A Operação Lava-Jato vai caminhando e está
prestes a mostrar que o que foi apresentado sobre a área de
Abastecimento da Petrobras é muito pequeno quando se junta tudo a
Pasadena, SBM, Angola, esquema argentino, Transpetro, Petroquímica e
outras mais. Ah, e o contrato de meio ambiente na Petrobras
Internacional? Se somarmos tudo, Abastecimento é fichinha”, escreveu.
Em 49 páginas, apesar de convocar integrantes do Executivo e do
Legislativo, a defesa de Pessoa foge da argumentação política. De acordo
com os advogados, eles não tiveram acesso à íntegra dos documentos que
embasaram a acusação contra o empreiteiro. Eles negam que o empresário
tenha cometido crime de lavagem de dinheiro.
A petição assinada pelos advogados Alberto Toron, Carla Domenico,
Renato Martins e Luisa Moraes Abreu Ferreira diz ainda que a denúncia de
corrupção é genérica e insuficiente. Eles contestam ainda a tese do MPF
de que os contratos assinados entre a UTC e a Sanko, apontado pelos
investigadores como o caminho para o desvio de recursos na Petrobras,
foram fictícios.
Os advogados defendem que a acusação contra Pessoa é “fraca” por não
denunciar as empresas supostamente envolvidas com a UTC em esquemas,
como Andrade Gutierrez, Odebrecht, além do ex-diretor de Engenharia e
Serviços da Petrobras, Renato Duque.
BLOG DO CORONEL
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