Nos
primeiros minutos depois de assumir o Ministério das Comunicações,
nesta sexta-feira, o petista Ricardo Berzoini deu declarações
autoexplicativas sobre as razões de ter sido instalado no cargo: disse
que o governo vai tentar implementar seu projeto de censura da imprensa,
agora batizado pelo PT de regulação econômica da mídia. Fiel escudeiro
do ex-presidente Lula, de quem foi ministro, Ricardo Berzoini tem raízes
no sindicalismo bancário, foi presidente do PT e é conhecido na Câmara
dos Deputados pelo estilo truculento e pela ligação com as alas mais
radicais do partido. A pedido de Lula e do comando do PT, ele assume a
cadeira que era ocupada pelo paranaense Paulo Bernardo, que não
encampava a proposta de censura aos meios de comunicação. “O Poder
Executivo pode fomentar a discussão. Todos os setores da economia que
têm grande impacto social e econômico são regulamentados”, justificou.
Para o ministro, o projeto fala "regulação econômica" porque o debate
começará sobre as concessões públicas.
Após
receber o cargo de Bernardo, Berzoini disse que empresários,
sindicalistas e representantes de movimentos sociais serão chamados para
discutir a proposta que o Executivo apresentará para votação no
Congresso. De acordo com o novo ministro, inicialmente não há a intenção
de incluir na proposta a regulação de conteúdo – como pretende o PT.
Mas isso inicialmente: o próprio Berzoini admitiu que, “se for bem
conduzida”, essa proposta “pode ser bem sucedida” e não conseguiu
esconder o DNA bolivariano da proposta. "Se houver participação popular,
tanto melhor." Pela proposta do PT, para quem a imprensa livre é
tratada como oposição, além de direcionar sua artilharia contra os
grandes grupos de comunicação, um dos focos é a distribuição da receita
publicitária aos veículos de informação – o que poderia redundar, no
futuro, no controle indireto do conteúdo pelo governo. Desde que assumiu
o Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff procurou manter
distância do projeto petista de censura da imprensa: sepultou,
inclusive, o projeto de lei para "regulação das comunicações", elaborado
pela legenda durante o governo Lula, e que trazia na raiz o embrião
autoritário da censura. Na gestão Lula, o principal entusiasta do
projeto era o ex-ministro Franklin Martins, um dos responsáveis pela
baixaria nas redes sociais disseminada pela campanha à reeleição de
Dilma. No ano passado, Dilma havia afirmado que pretende abrir um
"processo de discussão" sobre a regulação econômica da imprensa. Disse
que não sabia ainda como seria esse processo, mas afirmou que "isso
jamais poderá ser feito sem consultar a sociedade". Pelas palavras de
Berzoini, a sociedade a ser ouvida são grupos de sindicalistas e
movimentos sociais aliados do PT. (Veja)
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