| 27 Novembro 2014
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Há quem acredite que o povo brasileiro ainda vive num pleno regime democrático e que dizer que já estamos num regime socialista é atestar a própria loucura. Seria mesmo loucura? Talvez a resposta a algumas perguntas possam ajudar a entrever uma conclusão.
1.
O que é fomentado hoje nos meios educacionais e midiáticos? Ajudar o
próximo e melhorar seu entorno ou deixar que o governo faça isso por
você?
2. Temos instituições civis fortes o bastante para impedir a degradação civilizacional do país?
3. Nossa imprensa é livre?
Quanto
a primeira: ambos os meios impelem o povo a optar pela força dos
números. E quase a totalidade dele aceita muitas vezes por falta de
opção. Incitam nesse mesmo povo a prontidão para usar o aparelho estatal
em proveito do próprio grupo; o brasileiro em geral acabou se
convencendo de que seu grupo imediato tem “direito de impor e dar força
de lei aos seus problemas do dia a dia”. Pensando assim, a praça mal
cuidada não é culpa da vizinhança desleixada, é culpa da prefeitura
municipal que ainda não cresceu suficientemente seu aparato para estar
onipresente; O problema do alastramento da criminalidade não tem parte
da culpa em quem sugeriu que deveríamos abdicar da autodefesa, é somente
culpa do Estado que ainda não criou um Estado policial onipresente; O
caos burocrático não é culpa de um Estado cada vez maior, muito pelo
contrário, é justamente por ainda não ter crescido o suficiente que não
funciona, e assim por diante. Enfim, exemplos não faltam para ilustrar o
quanto o indivíduo é degradado em prol de um comportamento grupal (ou
comunal, nas palavras do lógico russo Aleksandr Zinoviev em seu livro A realidade do comunismo cuja abordagem sociológica da União Soviética tem muito a nos ensinar).
Quanto a segunda: Nossas instituições (políticas e civis) em sua grande maioria hoje servem para três coisas:
1 - Avançar as agendas marxistas de degradação moral e mental (gayzismo, abortismo, feminismo, etc.);
2 - Ridicularizar o povo — especialmente a classe média — e dizer que suas opiniões representam o que há de pior no pensamento humano (i.e. quando não age conforme a questão anterior), pois seu pensamento vai contra a agenda politicamente correta;
e 3 - Subverter o pensamento brasileiro (por força de um consenso fabricado) e destruir qualquer rastro de sanidade que resta na sociedade.
1 - Avançar as agendas marxistas de degradação moral e mental (gayzismo, abortismo, feminismo, etc.);
2 - Ridicularizar o povo — especialmente a classe média — e dizer que suas opiniões representam o que há de pior no pensamento humano (i.e. quando não age conforme a questão anterior), pois seu pensamento vai contra a agenda politicamente correta;
e 3 - Subverter o pensamento brasileiro (por força de um consenso fabricado) e destruir qualquer rastro de sanidade que resta na sociedade.
Segundo
Zinoviev, quando não há instituições fortes num país (igrejas, escolas,
universidades, imprensa verdadeiramente livre e liberdade real
de opinião[1]) para barrar a avalanche das forças bárbaras, o que se tem
como resultado é o florescimento de hipocrisia, violência, corrupção,
má administração, irresponsabilidade, escassez de mão-de-obra, trapaças,
grosseira, ociosidade, desinformação, falta de caráter e um sistema de
privilégio para uma “privilegentsia” (os camaradas e integrantes do
Partido). Tal era a situação soviética e tal é a nossa na falta de
instituições fortes. Ainda de acordo com o lógico e escritor dissidente,
nesse cenário “as nulidades são exaltadas e as personalidades
significantes são aviltadas. Cidadãos moralmente superiores são sujeitos
a perseguição e os mais talentosos e ativos são puxados para baixo até o
nível do medíocre e do incompetente”. Para se chegar a esse ponto, é
preciso que não só as autoridades façam isso, mas que também colegas,
vizinhos e colegas de trabalho colaborem nesse empreendimento. Todos num
esforço prometeico de aviltamento cujo resultado final é o império do
tédio, a estagnação moral[2] e a depressão generalizada. Segundo
Zinoviev, esse tipo de situação pode durar séculos.
Quanto
a terceira: Sim e não. Sim, porque a imprensa ainda pode falar o que
quer sem que ninguém vá para o paredón ou para o gulag. Não, porque o
poder estatal é um dos maiores anunciantes do país e, portanto, influi
diretamente na linha editorial dos seus anunciados ao exigir uma
abordagem favorável, sob pena de cancelarem contratos multimilionários:
imagine o que é para um grande veículo perder o filão de Caixa, Banco do
Brasil, Petrobras, etc. Outro fato que pede uma resposta negativa é a
ocupação da imprensa brasileira por milhares de militantes esquerdistas,
que por sua vez permitem a existência de no máximo dois ou três
articulistas “de direita” com o fim de dar a esse cenário o nome de
“jogo democrático”. Há também mais um “não” à frente, pois em
decorrência da questão econômica dos anunciantes e do aparelhamento
ideológico a grande mídia virou um aparato de desinformação, isto é, um
aparato que usa da confiabilidade que goza perante o consumidor para
transmitir como verdadeiras notícias francamente falsas e, assim,
alterar em prol de uma agenda específica as decisões que os próprios
consumidores tomam no dia a dia. Em suma, a imprensa é parcialmente
livre em pequenos veículos e em boa parte mentirosa e dissimulada nos
veículos médios e grandes. É possível até mesmo noticiar verdadeiramente
um fato e usá-lo para encobrir outro muito mais relevante que poderia
prejudicar alguma parte interessada[3].
Conclusão
O Brasil pode ainda não ser uma União Soviética ou uma Cuba, mas ele já está preparadíssimo. Possui vários dos aspectos sociais e políticos chave de uma sociedade plenamente socialista (até mesmo a farsa eleitoral é bem parecida) e muitos sujeitos dispostos a comprar essa ideia de tirania coletiva e responsabilidade individual mínima. Porém, como bem disse Olavo de Carvalho[4], os demais países do Foro de São Paulo ainda precisam do nosso dinheiro para construírem seus paraísos socialistas.
O Brasil pode ainda não ser uma União Soviética ou uma Cuba, mas ele já está preparadíssimo. Possui vários dos aspectos sociais e políticos chave de uma sociedade plenamente socialista (até mesmo a farsa eleitoral é bem parecida) e muitos sujeitos dispostos a comprar essa ideia de tirania coletiva e responsabilidade individual mínima. Porém, como bem disse Olavo de Carvalho[4], os demais países do Foro de São Paulo ainda precisam do nosso dinheiro para construírem seus paraísos socialistas.
Vivemos então num socialismo à brasileira. Coisa que só dá aqui mesmo.
Referências:
[1] v. “Gramsci e as próximas eleições” para saber como o gramscismo já eclipsou as mentes e tornou quase impossível uma divergência efetiva e consciente.
[2] Olavo de Carvalho, A Nova Era e a Revolução Cultural, v. Posfácio à edição de 2014.
[3] Alexandre Borges, “A fantástica fábrica de notícias”.
[4] Hangout entre Lobão e Olavo de Carvalho: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/15550-2014-11-20-21-17-03.htmlLeonildo Trombela Junior é jornalista e tradutor.
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