sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Com alta no número de shoppings, uma a cada dez lojas fecham no ano


Dado foi divulgado pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping.
Impacto de rotatividade é sentido por lojistas de menor porte.

Da Reuters
Movimentação em shopping de Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/ Tv Diário)Cenário de incerteza na economia prejudicou
movimento, dizem lojistas
(Foto: Reprodução/ Tv Diário)
As incertezas do cenário econômico e o elevado número de inaugurações de shoppings nos últimos anos vêm aumentando a rotatividade de lojas nesses empreendimentos, com o maior impacto sendo sentido por lojistas de menor porte, dizem especialistas do setor.
Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a rotatividade média nos shoppings aumentou para 10% das lojas em 2014, ante taxa de 6 a 7% nos últimos três a quatro anos. Na prática, isso significa que de cada 100 lojas em shoppings, 10 fecharão e darão lugar a outras durante o ano.
"Este ano estamos tendo uma movimentação muito maior de saída de lojistas dentro dos empreendimentos", disse à Reuters o presidente da associação, Nabil Sahyoun, lembrando que nos últimos três anos, incluindo 2014, o país viu a inaguração de cerca de 100 shoppings.
A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) prevê encerrar o ano com 521 shoppings no país. Há oito anos, eram 351.
Para Sahyoun, o fechamento de lojas também está ligado às incertezas econômicas, em um cenário de menor crescimento do consumo e com maior impacto para os pequenos lojistas, que respondem por 75% dos pontos de venda nos shoppings.
"Dentro dos shoppings, a gente atingiu situação de muitos pequenos lojistas que ficaram em situação de atraso, inadimplência, porque o movimento das lojas não aconteceu", disse Sahyoun.
De pequenos lojistas a grandes marcas
A situação foi enfrentada, por exemplo, por uma franqueada de uma rede de vestuário feminino em shopping da BR Malls em Juiz de Fora (MG). "Os custos são muito altos e depois [de algum tempo após a inauguração] as vendas caíram", disse a comerciante que manteve a loja por cinco anos antes de fechá-la, pedindo para não ser identificada. Quando o contrato venceu e o aluguel ia aumentar, ela optou por fechar as portas. "Os grandes não têm custo alto igual ao que a gente tem. Eles são isentos de taxas. O aluguel deles é mais barato porque eles chamam clientes. O pequeno paga pelo grande", acrescentou.
Empresas de maior porte também se desfizeram de pontos em shoppings neste ano.
A Inbrands - dona de marcas com presença maciça em shoppings - encerrou o segundo trimestre com cinco lojas próprias a menos da Ellus ante igual período do ano passado. Para a marca Mandi, a redução foi de quatro pontos, para a Salinas, de três. Richards e Selaria Richards, por sua vez, somaram quatro lojas a menos.
Questionada sobre o cenário de rotatividade em shoppings, a companhia, que também controla marcas como VR e Bobstore, se limitou a informar que, contabilizadas todas as lojas abertas e fechadas, registrou diminuição líquida de seis pontos próprios no período, sendo dois em shoppings. A receita líquida da empresa no segundo trimestre caiu 6,2% na comparação anual, a R$ 189,2 milhões de reais.
Desde o começo do ano, a varejista de moda Marisa também encerrou atividades de quatro unidades em shoppings do país. Os pontos foram fechados em empreendimentos de Ribeirão Preto (SP), Barueri (SP), Caxias do Sul (RS) e Vitória da Conquista (BA). À Reuters, a companhia informou que a decisão fazia parte de sua estratégia de negócio, "uma vez que se tratavam de lojas com pouco impacto de venda e alto custo de operação". No saldo geral, contudo, a empresa terminou junho com 413 lojas, avanço ante as 380 de um ano antes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário