sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Aumenta o número de mulheres que disputam mandato nas eleições baianas


por
Lilian Machado
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Se na eleição de 2010, apenas uma mulher concorreu na eleição da majoritária estadual, na posição de vice, na chapa do PV para o governo, este ano a ampliação da participação feminina na disputa pelo poder no Estado chama a atenção.
Três mulheres estão presentes na corrida, sendo Lídice da Mata (PSB), na vaga para a Governadoria, Eliana Calmon (PSB), também em sua chapa na posição para o Senado, e Renata Mallet, que se candidatou pelo PSTU também ao governo, o que sinaliza mudanças em um cenário marcado pela presença masculina.
Houve um aumento de 15,73% no número de mulheres que disputarão as eleições deste ano na Bahia, em relação ao número contabilizado em 2010. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TER), este ano elas representam 31% das candidaturas.
Em âmbito nacional, a tendência de maior ingresso foi comprovada em pesquisa divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde foi apontado um percentual 46,5% maior, em relação a 2010.
O quadro da corrida presidencial aponta também o fortalecimento simbólico da representação feminina, com as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), que acirram pela primeira colocação no primeiro turno, dia 05. 
Em 2014, serão 17 candidatas aos governos estaduais. Lídice, que tem longa história na política, e a estreante Renata Mallet (PSTU), que é bancária e assume agora um papel na briga pelo Palácio de Ondina, estão dentro desse número, concorrendo no quarto maior colégio eleitoral do país. Lídice acha que há ainda muito a se avançar em termos de inclusão e desejo das mulheres militarem na vida pública.
“Eu estou lutando para que essa participação cresça na Bahia, pois ela ainda é muito tímida. Temos duas candidaturas ao governo e eu sou, depois de 24 anos, candidata novamente. Fui candidata ao governo em 1990 e hoje estou me colocando de novo. Nesse período todo houve pouquíssima participação tanto para o governo, como para o Senado. Nossa chapa reafirma a importância dessa presença, sendo a única que tem a maioria de mulheres”, exaltou Lídice.
Porém, a referência à lei 12.034, de 2009 ainda é a justificativa mais forte dentro do quadro político para que as mulheres entrem na briga. A lei obriga os partidos a preencherem o mínimo de 30% e o máximo de 70% de suas candidaturas para cada sexo. Com isso, cada sigla é obrigada a ter, pelo menos, 3 candidatas para cada 7 homens em sua lista. Caso as vagas não sejam preenchidas, os partidos ficam impossibilitados de concorrer.
O especialista político Joviniano Neto reforça que houve uma “aceleração” nesse processo, apenas por “pressão” dos movimentos feministas.
“Esses movimentos usaram o caráter pedagógico, aumentando formalmente o número de mulheres nas disputas. Mas, a participação depende de poder. Muitas ainda entram como mulheres ou filhas de políticos, sendo continuações do grupo familiar. Só adquire poder quem tem poder, ou seja, se ocupam espaço é derivado do apoio de alguém que tem poder”, disse.
Ele deu como exemplo a ex-primeira-dama de Salvador, Maria Luiza Orge, que se elegeu a deputada estadual em 2010, seguindo os passos do seu esposo na época, o ex-prefeito João Henrique.
Com história diversa, é lembrado o nome da própria Lídice e da deputada estadual Luiza Maia (PT), que teve vida política ativa desde os tempos da militância estudantil, ingressando na área, simultaneamente com o seu marido, o ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT).
Segundo ele, a medida em que as participações vão sendo fortes em outras áreas, como no Judiciário, há “transferência do poder” da mulher para a política. Ele sinaliza também o aspecto cultural como causa, já que eram os “homens que iam para as ruas, para a luta, participavam dos sindicatos, enquanto elas ficavam em casa”.
As mulheres representam mais da metade do eleitorado que vai decidir nas urnas no dia 05 de outubro os novos representantes do Poder Executivo e Legislativo no Estado. Das 10.185.417 pessoas aptas ao voto, 5.304.570 são do sexo feminino, sendo um público estratégico para os candidatos nas eleições.
Em Salvador, elas são mais de 1.043.939 no quadro de votantes. São as maias escolarizadas, com ensino fundamental completo 232.852 contra 230.512 dos homens. Elas estão em maior número com curso superior, sendo 143.688 contra 89.358 de homens.
As mulheres também estão em primeiro lugar no ensino médio, 790.890. Entre o sexo masculino, 480 mil são eleitores que completaram o curso médio.
Conforme a chefe de Cadastro Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Andréa Oliveira, houve uma consolidação no número de votantes femininas nas quatro últimas eleições.
“A evolução permanece constante. Não se contabiliza aí aquelas que tiveram títulos cancelados ou suspensos. Mas, há uma participação estável”, disse.
Em 2008, o percentual de mulheres votando era de 51,88%; 2010 era de 51,90%; 2012 de 51,836%;  e 2014 de 52,08%, maior de todos os anos.
As cidades com maior percentual de mulheres que vão às urnas são, pela ordem: Santo Antoônio de Jesus, Governador Mangabeira, Ipiaú, Muritiba, Cabaceiras do Paraguaçu e Ubaitaba. O menor é Aiquara com 46,48%, onde o sexo masculino supera. 

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