segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Artigo traça "obsessão" de Alierta pelo país, devido a potencial de gerar crescimento

'El País': Telefónica quer reinar no Brasil


"A Telefónica não só quer se tornar mais brasileira, mas também reinar no país. Custe o que custar", atesta artigo assinado pelo jornalista Ramón Muñoz no espanhol El País. Se conseguir fechar o negócio de R$ 22 bilhões pela Global Village Telecom (GVT), alerta, o Brasil será o país que mais recebeu recursos da Telefónica. Nos últimos quatro anos, justifica, a empresa destinou 15 bilhões de euros após a aquisição de 50% da Vivo, antes sob controle da Portugal Telecom.
De acordo com fontes do jornalista, o Brasil, inclusive, é uma espécie de "obsessão" do presidente do grupo, César Alierta, pelo seu potencial de gerar crescimento, comparado aos mercados europeus. Alierta já teria até afirmado esta preferência ao ex-presidente Lula, além de ter deixado claro que se sente à vontade em suas viagens ao país latino, apesar de seu conhecido desconforto com viagens protocolares, na intenção de "conhecer de perto aquele que está prestes a se tornar o principal mercado do grupo".
"De fato, apesar de uma ligeira diferença, a Espanha continua sendo o país líder em receita e lucro operacional bruto (EBITDA) do grupo, segundo as contas do primeiro semestre deste ano. Se a compra da GVT se concretizar, o Brasil, que hoje representa cerca de 22% do faturamento e do lucro total, ocupará a primeira posição", diz o artigo. "Mas essa liderança interna é apenas uma anedota, porque o que a Telefônica realmente quer é mandar no Brasil", continua Muñoz.
O artigo ainda faz referência a uma "morna oposição" do governo e de reguladores a uma "consolidação" do mercado de telecomunicações no Brasil, o que não impede que a operadora espanhola continue apostando em um cenário de "menos concorrentes e mais competitivos". "Das cinco grandes empresas atuais – Telefônica, América Móvil, Oi (Portugal Telecom), TIM (Telecom Italia) e GVT (Vivendi) – devem restar três, segundo o consenso dos analistas."
A articulação entre operadoras no país também é lembrada, com a Oi prestes a lançar oferta sobre a subsidiária TIM - operação que contaria com o apoio da Telefônica e da América Móvil, que compartilhariam os ativos da TIM. “Tanta concentração não agrada ao Governo e aos consumidores", diz o El País. De acordo com Veridiana Alimonte, do Instituto de Defesa do Consumidor, a nova investida da Telefónica afeta diretamente a liberdade de escolha dos consumidores e a possibilidade de queda dos preços.
"A GVT é muito poderosa, especialmente na banda larga, com mais de 2,5 milhões de clientes, e capacidade de chegar a 10 milhões de lares. Além disso, é geograficamente complementar à Vivo, já que opera em 13% dos municípios em 21 estados e 92% de seus clientes estão fora de São Paulo, onde a subsidiária da Telefônica tem maior presença. Além disso, a integração dos dois grupos daria à Telefônica o terceiro lugar do mercado de televisão por assinatura, com 1,48 milhão de clientes e 7,8% de participação de mercado", esclarece o artigo.
A nova Telefônica Brasil, que sairá da integração com a GVT, continua, criaria um novo líder capaz de gerar 29% das receitas do setor, com sinergias de até 4,7 bilhões de euros.

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