Em
editorial, O Globo recomenda que, ao invés de criticar bancos ou
analistas, a gerentona do lulopetismo passe a encarar a vida real e
agir:
O governo
enfrenta, nos últimos dias, uma crise no relacionamento com os fatos
econômicos. A primeira grande rusga ocorreu em torno de uma análise
feita no Santander para clientes preferenciais. O banco entrou na mira
da artilharia oficial e da campanha à reeleição da presidente, por citar
algo já conhecido: a bolsa tem subido quando saem pesquisas negativas
para o projeto da reeleição, e vice-versa.
Essas
oscilações relacionadas a sondagens eleitorais são interpretadas como
reação de investidores em ações de empresas estatais que pagam alto
preço devido ao intervencionismo característico da administração Dilma. A
Petrobras é o exemplo mais evidente, forçada a acumular perdas
majestosas por subsidiar o preço interno de combustíveis, e com isso
adiar pressões sobre a inflação. O investidor em ações faz uma dedução
lógica: se Dilma não se reeleger, a empresa deixará de perder dinheiro, e
ele, acionista, receberá mais dividendos.
Logo em
seguida, na terça, veio o desgosto, expresso pelo ministro da Fazenda,
Guido Mantega, com o Fundo Monetário Internacional. Agora, devido a um
relatório em que se alinham pontos críticos da economia brasileira.
Também aqui, nada de novo. São questões que há tempos estão no
mapeamento dos problemas brasileiros feito por analistas independentes.
Os
técnicos do Fundo não veem como o Brasil voltará a crescer a taxas
razoáveis - a última estimativa do FMI para este ano é de 1,3%, e 0,9%
na projeção de analistas do setor financeiro do país -se não executar
reformas estruturais. A própria gerente-geral do Fundo, a francesa
Christine Lagarde, listou tarefas a serem executadas em Brasília:
combater a inflação, os desequilíbrios fiscais, os déficits externos.
Tudo também por demais conhecido.
Em vez de
se crispar e responder no reflexo, de forma agressiva, a qualquer
crítica sobre a economia, o governo deveria entender as análises,
reconhecer que há mesmo problemas e tratar de manejar com esta
realidade.
Não
adianta praguejar contra o mercado. Subsidiar preços, comprimir inflação
com tarifas atrasadas, dar subsídios fiscais pesados ao setor elétrico,
na verdade um "esqueleto" em construção nas contas públicas, etc.
apenas adiam problemas. E os agravam. É óbvio.
O tempo
não para, e o mundo, por exemplo, precisa se preparar para o momento em
que os Estados Unidos acabarão de vez com a política monetária
expansionista e voltarão a elevar os juros. No segundo trimestre,
soube-se ontem, os EUA cresceram à taxa anualizada de 4% - algo como
quatro vezes mais rápido que o Brasil.
Em vez de
criticar analista de banco, o FMI e o mercado, o Planalto precisa
encarar a vida real. E agir. A economia brasileira sofrerá um impacto
maior ou menor dessa guinada americana a depender de atitudes que o
governo assumir agora diante de evidentes vulnerabilidades.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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