terça-feira, 1 de julho de 2014

Comprimidos e medo deixam a injeção em desuso


por
Chayenne Guerreiro
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Prática comum na medicina há alguns anos, o uso da medicação aplicada por injeção, está cada dia mais caindo em desuso. Os comprimidos estão cada vez mais em alta. Antigamente, esse tipo de remédio vinha pelo seu efeito rápido, mas hoje os comprimidos têm o mesmo efeito em tempo imediato. Aliado a isso, para muita gente esse tipo de medicação é um martírio. Uma pesquisa do Instituto Datafolha apontou que 78% dos jovens entre 11 e 24 anos de idade têm medo de injeção.
Para pneumologista e clínico geral, Guilardo Fontes, não existe mais uma grande necessidade do uso das medicações. “É muito mais confortável receitar para uma pessoa tomar 10 comprimidos, por 10 dias seguidos, do que solicitar para ela tomar 10 injeções por 10 dias seguidos. Não há mais necessidade desse sofrimento se temos uma medicina tão avançada. A não ser em casos extremos de doenças que têm como único tratamento os injetáveis, como algumas doenças sexualmente transmissíveis, “explica.  
Ele ainda disse que essa fobia é uma das responsáveis pelo desuso das injeções e pela prescrição cada vez mais comum dos comprimidos. “Muita gente tem medo de agulha, ninguém mais aceita fazer um tratamento de 10 dias tomando uma injeção a cada dia. A pessoa pergunta logo se não tem um comprimido que possa substituir aquele tratamento, “salienta.
Para alivio do grupo masculino, o médico explica que mesmo que haja a necessidade de um medicamento, a escolha final é sempre do paciente. “Se ele não sente bem com aquela forma de aplicação, é só contar ao seu médico. Garanto que ele não vai passar a não ser que seja em caso extremo,” finaliza.
A arquiteta, Ana Clara Dias, sofre de dores na lombar, segue o tratamento de dois comprimidos ao dia, até enquanto durar a cartela, todas as vezes que os músculos inflamam. Para ela, a maior dificuldade é lembrar o horário certo da medicação. “Quando as dores começam paro tudo que estou fazendo e tento deitar. Muitas vezes corro pro banheiro e deito no chão, esperando o alivio. E sempre por que esqueço de tomar o comprimido na hora certa, ai até tomá-lo  e esperar fazer efeito, vão-se muitas horas de sofrimento. Se eu pudesse simplesmente tomar uma dose por injeção e ficar boa, seria ótimo. O alivio é imediato, mas meu médico sempre prefere a pílula “ conta Dias.
A motivação da arquiteta é coisa rara; o medo de injeção é algo popular. Uma pesquisa do Instituto Datafolha apontou que 78% dos jovens entre 11 e 24 anos de idade têm medo de tomar injeção. Recentemente o francês Franck Ribery, um dos três finalistas da última edição da Bola de Ouro, se recusou a fazer um tratamento intravenoso que poderia ter dado uma sobrevida ao jogador do Bayern de Munique na Copa do Mundo Brasil 2014, da qual ele foi cortado. O motivo? Medo de agulha.
A dentista Fátima Sampaio, sabe o que é sentir o pavor das agulhas. “Quando era pequena fiz um tratamento de garganta em que era obrigada a tomar o medicamento venoso, a cada nove dias, durante dois anos, sofri demais. Pedia aos meus pais aos prantos para mudar aquilo, mas na época não existiam alternativas, então tive que me submeter até o final. Hoje, faço tudo que posso para não tomar injeção, “diz.
Aplicadora profissional de injeções, a enfermeira Carolina Mota revela que o medo é maioria nos homens. “Não importa a idade, se é jovem ou idoso. Os homens são maioria, algumas mulheres têm medo, mas a maior parte são os homens. Eles preferem não olhar, tem queda de pressão, soam muito, tremem, tem enrijecimento do músculo,” conta a enfermeira.

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