terça-feira, 1 de julho de 2014

Bahia é lider em empréstimos consignados


por
Kelly Cerqueira
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Reginaldo Ipê / Tribuna da Bahia
Entre aposentados e pensionistas, principais tomadores de empréstimo estão na faixa etária de 60 a 69 anos
O crédito fácil e a necessidade de dinheiro rápido podem ser dois vilões disfarçados de solução para aposentados e pensionistas. De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, a Bahia foi o estado do nordeste que mais realizou empréstimos consignados para beneficiários do INSS em março deste ano, com 67.074 operações que movimentaram um montante de R$ 202,2 milhões. Dos 1.740.935 beneficiários permanentes ativos na Bahia em junho, quase metade mantinha pagamento de empréstimo consignado.
Entre aposentados e pensionistas, os principais tomadores de empréstimo no Brasil estão na faixa etária de 60 a 69 anos.
Oferecido sem consulta ao SPC e Serasa, o empréstimo consignado não deve ser recorrido em qualquer necessidade financeira, apenas nas situações mais emergenciais, conforme alertam economistas. No Brasil, embora o número de contratações do serviço seja alto, chegando a mais de um milhão por mês em comparação com o mesmo período de 2013, a demanda diminuiu.
Nas ruas da capital baiana, financeiras oferecem o crédito até 10 vezes o valor da renda do beneficiário, prometendo juros baixíssimos, mas, na ponta do lápis, o valor da dívida muitas vezes dobra a depender da taxa de juros praticada pela instituição bancária. Embora ao mês as taxas praticadas pareçam insignificantes, quando somadas, representam muito no bolso do consumidor.
Este foi o caso da cobradora aposentada Marivalva Ferreira Santos que solicitou R$ 500 para a reforma de casa e já está no final das seis prestações de R$ 153, cobradas pela financeira. “Consegui a mão de obra de graça, então não podia perder a oportunidade de comprar logo o material”, conta. Mesmo pagando R$ 418 de juros, quase o mesmo valor tomado no empréstimo, ele diz que valeu a pena. “Se eu não tomasse emprestado teria que fazer o serviço depois, pagando inclusive a mão de obra. Ia sair muito mais caro”, explicou.
 O problema, segundo os especialistas é que, para quem ganha pouco, comprometer 30% (o máximo permitido por mês da parcela) do salário todos os meses para a quitação de dívida de empréstimos, ao invés de ajudar, pode complicar ainda mais as contas. “Para quem ganha um salário mínimo, retirar todos os meses R$ 217,20 para a quitação de uma dívida que poderia ser evitada é muito”, afirma o economista Antônio Britto.
 Ele afirma que o empréstimo consignado é um ótimo negócio para os bancos que oferecem o serviço, por se tratar de negócio de baixo risco. Já para o contratante, ele alerta que os bancos federais, geralmente, oferecem as menores taxas do mercado.
“Apesar da prática ser comum e bem diversa no mercado, os beneficiários que pensam em tomar empréstimos consignados devem consultar a tabela de juros praticada no mercado e que está disponível no site da previdência social”, orienta o chefe do Serviço de Reconhecimento de direitos do INSS/ Salvador, Gabriel Cerqueira. Ainda segundo ele, caso o beneficiário constate algum cobrança indevida, deve entrar em contato com a ouvidoria do órgão através do número 135 para relatar o caso.

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