segunda-feira, 28 de julho de 2014

Aposentado cria 'engenhoca' para extrair óleo de plantas nativas do AC


Máquina é feita com peças de caminhão e outros utensílios.
Família consegue faturar uma média de R$ 2,5 mil por mês.

Genival Moura Do G1 AC
Manoel  criou engenhoca para retirada de óleo de frutas nativas do Acre  (Foto: Genival Moura/ G1)Manoel criou engenhoca para retirada de óleo de frutas nativas do Acre (Foto: Genival Moura/ G1)
Morador no município de Mâncio Lima (AC), no extremo oeste do Brasil, o aposentado Manoel Bezerra de Souza, de 66 anos, resolveu criar uma máquina para extrair óleos vegetais de frutas típicas da floresta amazônica, entre elas buriti e açaí. A engenhoca foi feita com peças de caminhão e outros utensílios e é capaz de extrair até 502 litros de óleo por dia.
O óleo retirado é vendido para fábricas de produtos de beleza em outros estados ou usado na fábrica artesanal de sabão do próprio Manoel. “Quando eu era pequeno minha mãe extraia óleo de algumas frutas e fabricava sabão para o uso doméstico, desde esse tempo sempre pensei que isso poderia se tornar uma fonte de renda para mim”, comenta.
O autônomo, que também já é aposentado como trabalhador rural, explica que assistia a um programa de televisão quando observou uma mini prensa, e pensou que aquele equipamento seria muito útil, mas estava fora de suas condições financeiras. “Fui juntando as peças de um caminhão velho, engrenagens de um engenho de cana-de-açúcar, comprei um moinho de açougue e outros utensílios. Fui fazendo adaptações e testes ao longo de dois anos até encontrar um jeito que funcionasse da maneira planejada”, relata o autônomo.
 A rotação do equipamento é controlada por uma caixa de marcha de caminhão, a marcha ré faz as engrenagens girarem no mesmo sentido, nessa hora seu Manoel despolpa o buriti, um dos produtos mais utilizados na fabricação artesanal de sabão.
Para completar o processo, seu Manoel adaptou outros equipamentos conforme a necessidade. “Tenho aqui também um moinho manual, mas fiz adaptações fabricando peças no torneiro mecânico e consegui deixar ele elétrico. Serve para processar sementes menores como amendoim, gergelim, maracujá e outras”, explica o autônomo.
Manoel fatura uma média de R$ 2,5 mil por mês  (Foto: Genival Moura/ G1)Manoel fatura uma média de R$ 2,5 mil por mês (Foto: Genival Moura/ G1)
São vários os produtos da floresta utilizados na fábrica do autônomo. Os sabonetes de amargoso, copaíba, andiroba, murmuru e tucumã são bastante procurados pela população local e por pessoas que visitam o município.
“A minha mulher só quer lavar roupas se for usando o sabão do seu Manoel, ela disse que dá muita espuma, limpa muito bem e deixa a roupa cheirosa. Na minha casa foi muito aprovado e ninguém aceita outro”, diz sorrindo o agricultor, Edino Ferreira Guedes, de 57 anos, morador no mesmo município.
Inicialmente, os produtos eram vendidos apenas para os vizinhos, mas há alguns anos a extração de óleos e fabricação dos produtos se tornaram a principal fonte de renda da família do produtor.
“A gente fatura uma média de R$ 2,5 mil por mês e sempre sou convidado a participar de feiras e congressos em outros estados, o que abre uma perspectiva maior de negócios. Sempre recebo visitas e palestro para estudantes e até técnicos que se interessam pelo meu projeto sustentável”, conclui.

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