quinta-feira, 29 de maio de 2014

Casais compartilham casa de praia nas Bahamas

Paraíso natural abriga duas diferentes famílias, que nunca se encontram

ZERO HORA
Casais compartilham casa de praia nas Bahamas Tony Cenicola/NYTNS
A Casa da Duna é tão discreta que não é possível vê-la da rua. Foto: Tony Cenicola / NYTNS

Há alguns anos, Chad Oppenheim, arquiteto de Miami, recebeu a ligação de uma cliente em potencial: Debby Lawn, orientadora de escola primária aposentada de San Francisco que tinha acabado de comprar uma propriedade de frente para o mar nas Bahamas com o marido, Richard, biólogo molecular semi-aposentado. O casal de sexagenários queria que ele fizesse o projeto da casa.

Oppenheim foi ver o lugar, em Harbour Island, e se apaixonou de cara pela areia rosa, as águas claras e as palmeiras. E voltou com uma proposta inusitada.

— Vocês entram com o terreno, eu entro com a casa. Vamos compartilhá-la — , sugeriu ele.

A princípio, nem ela e nem o marido quiseram sequer pensar na possibilidade, mas depois de meses de negociações, as duas partes chegaram a um acordo satisfatório: os Lawn contribuiriam com a propriedade de 0,6 hectare que compraram por US$1,1 milhão em 2004; Oppenheim cuidaria da construção (um sobrado de 279 metros quadrados que acabou custando US$2 milhões) e ambas dividiriam o custo da mobília e gastos como água, luz, gás, seguro e impostos.

A obra, concluída em 2013, é hoje o domínio dos Lawn quatro vezes por ano durante duas semanas de cada vez. E também a dividem com os filhos adultos, que vão sozinhos. Uma vez por mês, Oppenheim, de 43 anos e a mulher, Ilona, uma designer gráfica de 37, passam um fim de semana prolongado lá com os três filhos pequenos.

As duas famílias nunca se encontram; elas compartilham a casa, mas não a vida, já que são extremamente reservadas, assim como a casa, que é tão discreta que não pode ser vista da rua.

— Queríamos que a casa se adequasse à ilha; por isso é meio que uma casa primitiva —, explica Oppenheim.

Para corroborar essa ideia, ele escolheu materiais que não chamam a atenção: blocos de concreto, madeira reciclada. O acabamento de algumas paredes leva uma tinta leitosa que, segundo Oppenheim, — os insetos gostam de comer —.

A Casa na Duna, como ele a chama, fica sobre um banco de areia de 10 metros; o caminho que leva até ela ziguezagueia por cerca de 150 metros em meio a palmeiras para chegar a uma escadaria larga que lembra a de um templo maia. Dali, apenas uma elevação suave que termina no saguão do andar principal.

— Quando você sobe a escadaria começa a ouvir o barulho do mar e a sentir o cheiro de maresia —, observa Oppenheim. E, no topo da escada: — Você vê o mar através da casa. Dá a impressão que ela é apenas um único espaço aberto —.

À noite, o corredor coberto brilha, mas não há luminárias visíveis; a iluminação foi instalada no piso e no teto, onde as tomadas também estão escondidas. — Não se vê quase nenhuma instalação —, afirma (esse é um primitivismo com base em um monte de truques tecnológicos).

As portas de correr de vidro temperado podem ser fechadas para proteger o corredor coberto em caso de chuva; do contrário, praticamente desaparecem nas paredes. O recurso é usado de forma semelhante nos quartos, que têm também persianas de madeira de ipê para proteção adicional.

Mesmo assim, Oppenheim é filosófico quando se trata do que se pode fazer para proteger a estrutura. — Se for tipo, um dilúvio, a casa pode desabar, mas a do vizinho está aí, em pé, há mais de trinta anos—.

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