domingo, 23 de fevereiro de 2014

Figuras femininas históricas irão protagonizar desfile do Bloco da Vida


Enredo do grupo de Volta Redonda (RJ) homenageia as mulheres.
Fantasias retratam Joana d'Arc, Maria Quitéria e Zilda Arns, entre outras.

Paola Fajonni Do G1 Sul do Rio e Costa Verde

Fantasias de alas expostas na sede do Bloco da Vida, no bairro Retiro, em Volta Redonda (Foto: Paola Fajonni/G1)Fantasias de alas mostram algumas das personagens que serão representadas no desfile, na Ilha São João (Foto: Paola Fajonni/G1)
O Bloco da Vida irá desfilar no Carnaval 2014 de Volta Redonda (RJ) ao som do enredo “Sexo frágil não foge à luta e nem só de cama vive a mulher”, que homenageia figuras femininas importantes e a força da mulher comum. O desfile do grupo formado pela terceira idade irá retratar nomes como a militar brasileira Maria Quitéria, Cleópatra, Eva e Maria Bonita. Personagens importantes do cenário cultural, como Chiquinha Gonzaga e Carmem Miranda, também serão lembradas.
Essas mulheres serão representadas nas dez alas do Bloco da Vida — além da bateria. A das baianas trará 65 pessoas fantasiadas de Princesa Isabel, mas outras figuras também serão lembradas nas demais alas. "A gente vem falando de Anne Bonny, que foi uma pirata irlandesa; Joana D'Arc, uma grande guerreira; falamos de Zilda Arns, que foi uma pessoa precursora. Ela que deu início a Pastoral do Idoso e também à Pastoral da Criança", diz a coordenadora do grupo, Fátima Martins.
Ela explica que os cinco carros alegóricos do bloco também irão mostrar a força feminina, cada um abordando um tema ou personagem específico."Vem o primeiro com o símbolo do Bloco da Vida, que é o abre alas. Aí depois vem o segundo, que é 'A Eva e o Paraíso'; a terceira alegoria é 'Joana d'Arc - Fogueiras da Inquisição'; a quarta alegoria, 'Xica da Silva e o Tijuco'. E o último carro alegoria, 'Mulheres do Brasil' ".
De acordo com Fátima, aproximadamente 1.300 pessoas integram o grupo e devem desfilar neste ano. Para deixar tudo pronto, é preciso uma equipe grande: são certa de 70 pessoas envolvidas na organização do desfile. Ele será realizado na Ilha São João pela programação oficial do Carnaval de Volta Redonda.
Antes de ganhar forma, peças são desenhadas; em 2014, elas são assinadas por Ricardo Abdalla (Foto: Ricardo Abdalla/Arquivo pessoal)Antes de ganhar forma, peças são desenhadas;
em 2014, elas são assinadas por Ricardo Abdalla
(Foto: Ricardo Abdalla/Arquivo pessoal)

Preparação das fantasias
Todos os integrantes do grupo, que têm entre 50 e 90 anos, segundo a coordenação, estarão caracterizados. Além das fantasias de alas, são 51 destaques. "[Eles] são aqueles que dividem as alas, aí eles vem dentro de um contexto diferente, é um pouco mais elaborado", explica a coordenadora.
Para preparar as 1.300 roupas, foi preciso dividir o trabalho. A equipe do Bloco do Vida trabalha nas peças de cinco alas e dos destaques, as fantasias das outras seis foram terceirizadas. Também foi necessário investir em material. Fátima estima que para a confecção das peças foram necessários, por exemplo, pelo menos 5 mil metros de nylon forro, 1.500 m de filó de armação e 800 m de veludo. "A quantidade é grande e as roupas não são roupas pequenas, porque é idoso. Então a gente tem esse cuidado de ser uma roupa leve, uma roupa que vista bem".
Na sede do grupo, no bairro Retiro, são cinco pessoas que trabalham na criação das peças, divididas nos setores de chapelaria/adereços, acabamento/arremate e corte/costura. Ali fica concentrada a organização de produção, são estocados materiais e fantasias. Entre a equipe do local está a Josélia Maria Nery, que em 2014 completa dez carnavais como costureira do Bloco da Vida e na comissão de frente do grupo.
Sélia, como é mais conhecida, revela que gosta das duas funções que exerce, antes e durante os desfiles. Além de poder acompanhar de perto o ritmo de trabalho, ela chega a confecionar a própria roupa. "A gente vai estar representando Maria [mãe de Jesus]", conta sobre a comissão de frente. Segundo a costureira, tanto preparar as peças quanto se apresentar é emocionante. "Primeiro você está ali, é maravilho, e em segundo você vê a felicidade do povo. O pessoal vem, veste a roupa, elogia o meu trabalho".
Trabalho intenso compensado pela alegria
Para garantir um Carnaval de sucesso, a preparação tem início cedo. Assim que o período de desfiles acaba, começa a etapa de organização, recebimento e reciclagem das fantasias. O que não pode ser reaproveitado para novas peças mas ainda apresenta bom estado é doado.
Em seguida, a equipe passa a pensar o desfile do próximo ano, etapa na qual é decidido o tema a ser abordado. "Começa com o [carnavalesco] Paulo Bernardo idealizando o enredo", revela Fátima. "Em maio a gente já começa a pensar em apresentação do enredo, em apresentação dos desenhos [croquis de fantasias]".
Após a aprovação do tema do desfile pelo governo municipal, que mantém o Bloco da Vida, e o design de peças, tem início a pesquisa por materiais para as roupas. O trabalho recomeça, mantendo um ciclo que já dura 16 anos. O grupo é jovem se comparado com a média de idade dos membros: 85% deles com mais de 60 anos, segundo a coordenação.
Apesar de idosos, os integrantes mantém o espírito jovem. É o que garante quem acompanha de perto os desfiles do Bloco da Vida. "Eles não param, e a vontade de viver é o mais bonito. A vontade que eles têm de viver, de curtir a vida, de envelhecer com saúde, a gente vê isso no Carnaval. Você vê uma pessoa de 93, 94 anos chegando aqui para escolher fantasia", conta Fátima, coordenadora do grupo desde que ele surgiu.
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Coordenadora Fátima Martins trabalhando na sede do Bloco da Vida (Foto: Paola Fajonni/G1)Fátima trabalha na sede do bloco; segundo ela, no Carnaval é possível ver a vontade de viver dos idosos  (Foto: Paola Fajonni/G1)

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