Eles eram enterrados como indigentes em caixões simples de madeira e em covas
rasas separadas Gustavo Uribe – O Globo – 24/02/14 SÃO PAULO – Os corpos de militantes de esquerda que eram sepultados como indigentes no Cemitério de Perus, em São Paulo, muitos deles desaparecidos até hoje, chegavam sob forte esquema de segurança da ditadura militar e eram identificados na declaração de óbito com uma letra “T” vermelha, de “terrorista”. Em depoimento nesta segunda-feira à Comissão Nacional da Verdade, o ex-administrador do Cemitério de Perus Antonio Pires Eustáquio, que esteve à frente do posto entre 1976 e 1992, relatou que, segundo funcionários do cemitério que trabalharam no local no início dos anos 1970, os corpos eram enterrados como indigentes em caixões simples de madeira e em covas rasas separadas. Sobre a matéria entre no link abaixo para conhecer melhor a história: http://www.averdadesufocada.com/index.php/textos-do-autor-site-28/2603-0612-mais-uma-vez-a-verdade-sobre-perus - Nas declarações de óbito, havia informações mínimas dos corpos que chegavam. E, normalmente, alguns vinham com uma letra “T”, vermelha. Eu descobri depois que ela se referia a terrorista. Essa declaração ficava em minha posse e, depois do sepultamento, ela era usada para efetuar o registro de óbito. A letra “T” vinha em cima da declaração de óbito – contou. De acordo com ele, os corpos dos militantes de esquerda eram enterrados nas mesmas quadras que os demais indigentes. A diferença é que eles chegavam ao cemitério acompanhados de militares e policiais e costumavam ser trazidos individualmente em camburões. Na época, ele chegou a devolver alguns corpos que não batiam com as descrições físicas presentes nas declarações de óbito. O ex-administrador do Cemitério de Perus não soube quantificar a quantidade de fichas identificadas com a letra “T”, mas ressaltou que eram poucas. - Segundo funcionários da época, no início quando chegava o corpo daqueles que eles chamavam de terroristas, vinha às vezes um só. Não era comum, porque quando eram indigentes comuns vinham cinco ou seis no mesmo camburão. E quando chegava um militante, vinha um aparto político junto, um forte esquema policial de militares e carros oficiais. E ficavam no portão do cemitério e não deixava entrar ninguém até que fosse sepultado aquele corpo – disse. Ele relatou também que houve uma preocupação da administração funerária de São Paulo, na década de 1970, em dar fim aos restos mortais. A solução encontrada foi abrir uma vala comum, na qual foram despejadas as ossadas de cerca de 1.500 pessoas. Ele foi informado que, na vala comum, foram sepultados entre seis e oito militantes de esquerda. De acordo com ele, após a Anistia Política, ele foi orientado, em uma reunião na capital paulista, a “não fazer alarde” e nem dar entrevistas sobre a vala comum. O pedido foi feito por membros da administração funerária em São Paulo durante a gestão de Mário Covas (1983-1985). - Na reunião, os meus superiores do serviço funerário lembraram que havia tido a anistia e que apareceriam muitos curiosos procurando por pessoas desaparecidas. E pediram que eu não mostrasse o livro (de óbitos). Era para ele (Mário Covas) estar presente, mas ele não foi – disse. Observação do site www.averdadesufocada.com : Por que será que durante a gestão do Sr Mario Covas, foi feito o pedido para que não se fizesse alarde sobre a criação de uma vala para depósito de 1500 ossadas enterradas no cemitério de Perus? O ex-administrador do Cemitério de Perus afirmou ainda que foi ameaçado de morte após a descoberta da vala e teve de se esconder no interior do estado de São Paulo, abandonando seus familiares. Observação do site : Será que a Comissâo teve a preocupação de saber quem o ameaçou e quando? Os grifos são nossos. |
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