Depois da notícia de que um adolescente, acusado de roubo, foi preso ao
poste com uma trava de bicicleta, os casos de linchamento e de grupos
que se autoproclamam “justiceiros” ganharam espaço na imprensa e nas
redes sociais. O assunto provocou repercussão. Os críticos à violência
classificaram a situação de “volta à Idade Média” enquanto que parte da
população respondeu com o discurso: “adote um bandido”. Apesar dos
ânimos exaltados, o fenômeno não é novo. O linchamento é alvo de um
estudo da Universidade de São Paulo que mostra, ao contrário do que
parece, que este tipo de violência vem diminuindo de 1980 para cá. O
levantamento, feito pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, revela
que São Paulo (580 linchamentos), Rio de Janeiro (204) e Bahia (180) são
os estados onde mais aconteceram casos desses. Mas, nos últimos anos,
os registros têm diminuído na maioria dos estados. Em São Paulo, por
exemplo, em 1994, foram 88 casos, que caíram para 40 em 2000 e apenas
dez em 2010. O cenário também é de queda no Rio de Janeiro. O Estado
registrou 20 linchamentos em 1993, mas o número baixou para dez em 2002 e
apenas um em 2010. Se a população tem recorrido menos às próprias mãos
para fazer justiça, os motivos para que isso ainda continue acontecendo
são, na maioria das vezes, os mesmos de 30 anos atrás. Desde a década de
1980, 25% dos casos de linchamento em São Paulo foram por causa de
roubo e/ou sequestro relâmpago. A segunda razão mais comum para este
tipo de violência é o próprio homicídio, que representa 17% dos casos
que aconteceram entre 1980 e 2009 no Estado. No Rio de Janeiro, a
situação é parecida. 30% dos casos registrados aconteceram após
populares flagrarem roubos ou sequestros. (Tribuna da Bahia)
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