terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Economistas criticam discurso da "Rainha da Suécia".


Aécio Neves (PSDB-MG) foi o primeiro a criticar o discurso de auto-elogio de Dilma Rousseff, no momento em que o país passa por dramas como as cheias e sérios problemas econômicos. Os economistas fizeram coro e dizem que faltou auto-crítica no discurso da presidente. Veja abaixo matéria de O Globo.
Economistas viram o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff com ceticismo e pouco efeito prático sobre a retomada do investimento. As críticas giraram em torno da fala de Dilma sobre a razão para a falta de confiança de empresários, atribuída pela presidente a uma "guerra psicológica".
Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), o governo mostra resistência em perceber que é o causador da falta de confiança por empresários, fruto, segundo ele, da piora do desempenho fiscal, da manutenção da inflação em patamar alto e das frequentes mudanças de regras.  - Se há uma guerra psicológica, foi o governo quem a começou - diz Schwartsman.
O economista e professor da UFRJ Luiz Carlos Prado adota um tom mais moderado, mas também enxerga problemas:  - Existe um debate em relação às estratégias econômicas do governo, que deve se acirrar em 2014, que é um ano eleitoral. A gestão da economia do governo nos últimos dois anos teve problemas, como ocorreu na ênfase dada ao consumo e que foi criticada por pessoas de diversos vieses econômicos.
Segundo o diretor de pesquisa econômica para América Latina do banco americano Goldman Sachs, Alberto Ramos, a maior crítica dos agentes econômicos se dá em relação ao modelo econômico adotado ao governo e a uma tolerância grande com a inflação. - Com crescimento baixo, inflação alta, câmbio desalinhado e ativismos cambial e fiscal, esse é um quadro que não inspira a confiança do empresário. De onde vem esse negativismo? Dessa realidade. A economia brasileira perdeu competitividade externa e os custos trabalhistas aumentaram. É preciso credibilidade. É preciso um ajuste da política macroeconômica. Um discurso demasiadamente otimista não ajuda a destravar os investimentos. O que ajuda é mostrar isso de maneira crível - afirma.

O economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, vê no discurso de Dilma um recado a economistas que projetam um crescimento baixo para a economia brasileira em 2014, em torno de 2%. - Não é uma guerra psicológica, mas reação a um ambiente adverso. O que define o interesse da empresa é um horizonte de médio e longo prazo. Quanto maior a imprevisibilidade, maior a tendência de os empresários continuarem contraídos.

A falta de autocrítica também mereceu críticas do professor da UFRJ Reinaldo Gonçalves: - Quando (Dilma) diz que o problema é dos outros e não assume a responsabilidade sobre a piora nas contas externas, as intervenções no câmbio, ela faz um discurso alegórico, que só piora a confiança. 
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