Grupo se fortalece com entrada da PF e Ministério da Justiça
Mikaella Campos | mikaella.campos@redegazeta.com.br
“A força-tarefa vai atuar de forma repressora e preventiva para fazer com que essas pessoas parem de acreditar que as pirâmides são legais. Nossa ação, mesmo com medidas judiciais, será pedagógica”, disse a promotora de Justiça de Defesa do Consumidor Sandra Lengruber
O grupo, que antes era só composto por promotores estaduais e procuradores federais, terá como membros também a Polícia Federal, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE), do Ministério da Fazenda.
Em reunião ontem, em Brasília, a força-tarefa, antes organizada informalmente, foi oficializada para coibir irregularidades em todo o país. A equipe investiga mais de 30 negócios – entre esses estão a Telexfree e a BBom –, e busca associá-los a empresas extintas que foram usadas, há alguns anos, de forma criminosa sob a fachada do marketing multinível.
O grupo apura, inclusive, se houve migração de donos e líderes das empresas inativas para outros esquemas Ponzi. Essas empresas terão também todos os contratos firmados com os associados analisados pelos promotores estaduais e procuradores federais.
A promotora Sandra Lengruber, responsável pelo Centro de Apoio ao Consumidor do Espírito Santo, faz parte da força-tarefa e explica que a intenção do promotores e procuradores é tornar mais claro as investigações feitas pelos Ministérios Públicos de cada Estado e assim evitar apurações paralelas relacionadas às mesmas empresas.
“A estratégia que queremos adotar é decidir qual Estado vai investigar uma empresa suspeita de pirâmide a partir da análise do local onde ela está estabelecida, do número de pessoas inseridas no esquema e dados recolhidos pelo órgão. Outra questão importante é que todo o país dará a esse Estado, como ocorre com o Acre e Goiás, apoio nas investigações e na construção da ação civil”, diz.
Reforço
Com o ingresso da Polícia Federal e da Secretaria de Acompanhamento Econômico no grupo de combate às pirâmides, os Ministérios Públicos, estaduais e Federal, terão condições de levantar informações mais precisas e rápidas sobre as empresas e seus donos.
“A Polícia Federal poderá passar para os Ministérios Públicos dados importantes para a realização de diligências”, diz o promotor Murilo Moraes e Miranda.
Segundo ele, que é presidente da Associação dos Ministérios Públicos do Consumidor, os órgãos vão abastecer o grupo de trabalho com mais informações. “Hoje, já trocamos dados diariamente sobre as pirâmides e sabemos os Estados que estão mais preparados para propor ações civis públicas”.
Miranda afirma que a força-tarefa procura mais evidências, porém tem material reunido para que em breve esses negócios sejam levados a juízo. As investigações relacionadas à Telexfree e à BBom, mesmo que repetidas, continuaram a ser tocadas em diversos Estados.
Falha expõe dados de divulgadores na rede
O sistema usado pela Telexfree para gerenciar um negócio tem uma falha que deixa vulneráveis os dados pessoais de seus associados. Um especialista em informática encontrou um problema na página da empresa que permite visualizar todas as informações dos usuários.
Os dados podem ser acessados pela internet. Para conseguir visualizar o erro, o consumidor precisa apenas ter feito a adesão e gerado um boleto bancário.
A falha foi encontrada pelo desenvolvedor de informática Manoel Netto quando ele realizava uma busca no Google. Segundo ele, foi preciso apenas digitar “telexfree impactos cnpj” para verificar o vazamento de dados.
Ele explica que para conhecer todos os usuários era necessário apenas modificar o número do ID na URL. Há mais de 9 milhões de identificação sem qualquer segurança. O especialista chegou a encontrar dados completos até do sócio da Telexfree, Carlos Costa.
O problema é que a URL que gera os boletos on-line do Banco do Brasil é sequencial e pode ser encontrada facilmente em pesquisas no Google. Entre os dados expostos estão nome completo, endereço completo e valor pago.
De acordo com Netto, pessoas mal-intencionadas podem gerar um script para capturar todos os dados do consumidor e utilizar as informações por conta própria. “Por isso não me admira tantas reclamações de ‘dinheiro que sumiu’”, disse.
Para Netto, a falha poderia ter sido evitada facilmente com o uso de técnicas de proteção de dados sensíveis online. “Qualquer programador poderia ter evitado isso”, afirma.
Nenhum dos representantes da empresa foi encontrado para comentar o assunto. (Com informações da Info Abril) Fonte: A Gazeta
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