Funcionários reclamam de moscas e mau cheiro.
Prefeitura reconhece o problema e diz que vai desativar beneficiadora.
Trabalhadores de beneficiadora têm de conviver com o mau cheiro (Foto: Reprodução TV Acre)
Apenas uma estrada separa o lixão a céu aberto, no município de Mâncio
lima (AC), de uma beneficiadora de produtos agrícolas que pertence à
prefeitura do município. Enquanto trabalhadores rurais fabricam farinha
de mandioca e produtos derivados da cana-de-açúcar, caminhões e tratores
chegam para descartar lixo doméstico, hospitalar e até materiais
tóxicos, a cerca de 30 metros da pequena indústria.“Fica muito difícil da gente trabalhar. Para usar a casa de farinha e o engenho, é preciso estar cobrindo tudo com pano e abanando sem parar, com tantas moscas que vêm do lixão, além do mau cheiro insuportável”, relata a trabalhadora rural, Maria Diomar dos Anjos, que reside próximo ao lixão, no Ramal do Batoque.
Lixão a céu aberto estaria trazendo prejuízos à comunidade (Foto: Genival Moura/G1)
O secretário de Produção do município de Mâncio Lima,
Francisco Taumar Maciel Taveira, explica que a prefeitura tem
consciência do problema e pretende desativar a beneficiadora. “Nós não
estamos mais recomendando a utilização daquela estrutura, temos
consciência do problema e já estamos trabalhando para criar outros
espaços e atender de uma forma mais adequada os nossos produtores”,
garante.Prejuízos à comunidade
Os arredores do lixão estão cada vez mais povoados. Moradores reclamam que o local é inadequado para o depósito dos resíduos. A poluição tem afetado a saúde dos vizinhos. “O meu filho de oito anos pegou uma micose nas costas porque tomava banho no igarapé que passa aqui ao lado. O médico disse que certamente seria a contaminação da água por causa do lixão. Ele parou de tomar banho e a micose desapareceu”, conta a moradora, Maria Diomar.
Homens trabalham no lixão sem qualquer tipo de proteção (Foto: Genival Moura/G1)
O secretário de Meio Ambiente de Mâncio Lima, Clautevir Costa, disse
que a administração tem conhecimento de que o local é inadequado para um
lixão a céu aberto. “Nós temos um projeto que está praticamente
finalizado para a construção de um aterro sanitário controlado. Já tem
inclusive o recurso liberado no valor de R$ 1,4 milhão oriundo da
Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A proposta da empresa que elabora o
projeto é que o aterro seja construído naquele mesmo lugar, só que será
nos padrões adequados e os problemas serão minimizados”, afirma.Irregularidades
Embora o município conte com um caminhão coletor, homens a serviço da prefeitura transportam lixo em um trator, também conhecido como “Girico”. Sem luvas, farda e outros equipamentos de proteção individual fazem a coleta e desembarque dos resíduos no lixão a céu aberto.
Parte do lixo estava sendo queimada na manhã de terça-feira (2). Montes de resíduos enfileirados permaneciam em chamas, provocando muita fumaça no local. Qualquer tipo de queimada no Acre é considerada crime ambiental, com exceção de licenciamento para agricultura familiar, concedido pelo órgão ambiental credenciado.
A secretária de Obras do município de Mâncio Lima, Socorro Bandeira, explica que os homens que trabalham na coleta do lixo já receberam os equipamentos de proteção individual, com exceção da farda. “Nós entregamos luvas e botas. Estamos providenciando a farda e vamos entregar em quatro dias no máximo. Alguns podem até não usar, mas nós fornecemos”, assegura.
Quanto às queimadas dentro do lixão, a secretária diz que não existe nenhuma orientação para utilização de fogo no local. “Não fomos nós quem fizemos isso, ali é um local frequentado por usuários de droga e também passam muitas pessoas para uma estrada que dá acesso a uma comunidade daquela região”, completa.
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