Manifestantes mantiveram protesto perto da barreira policial (Foto: Ruan Melo/ G1)
Um grupo com cerca de 200 pessoas protestou perto do Hotel da Bahia, na
Praça do Campo Grande, em Salvador, onde a delegação da Fifa se
hospedou durante os jogos da Copa das Confederações na capital baiana.
Os manifestantes fizeram parte da
passeata pacífica
que saiu do Campo Grande no início da tarde deste domingo (30), mas se
dispersaram do Movimento Passe Livre Salvador e seguiram com o protesto
até o início da noite.
O clima chegou a ficar tenso no local, pois os manifestantes se
aproximaram da barreira policial, que faz a segurança do hotel. Uma
pessoa jogou fogos de artifício nos policiais, mas não houve confronto.
O trânsito foi interrompido pelos manifestantes na região do hotel e a
Transalvador bloqueou o acesso dos motoristas à Ladeira da Montanha, com
o objetivo de evitar transtornos. A recomendação foi para que os
condutores seguissem pela Avenida Contorno.
A disputa entre as seleções do Uruguai e Itália terminou por volta das
16h, na Arena Fonte Nova. O time europeu ganhou a partida nos pênaltis.
Nesse horário, o número de manifestantes na região do Campo Grande era
menor, mas um grupo persistia no local. A polícia informou que o veículo
que transportaria os membros da Fifa seguiria para o hotel sob escolta,
um procedimento padrão de segurança.
Aos poucos, os manifestantes foram se dispersando. Aproximadamente às
17h, o grupo que restou saiu das proximidades do hotel e se deslocou
para a Praça do Campo Grande. Pouco antes das 18h, cerca de 30 pessoas
se dividiram em dois grupos e seguiram para pontos de ônibus da região,
onde colocaram as pessoas para entrar nos coletivos pela porta da
frente, sem pagar passagem. Os próprios manifestantes se dispersaram e
usaram ônibus para ir embora.
Movimento Passe Livre
Cerca de 500 pessoas participaram do protesto pacífico na tarde deste domingo, em
Salvador. Com faixas, caras pintadas e tambores, o movimento Passe Livre Salvador se concentrou na Praça do Campo Grande.
Antes de seguir em caminhada, os integrantes discutiram qual seria o
trajeto percorrido. Um megafone circulou entre os manifestantes, que
expressaram suas opiniões, já que não há líderes no movimento. Alguns
preferiam seguir pela Avenida Joana Angélica, outros defenderam seguir
pelo Dique do Tororó. Houve ainda os que queriam se aproximar do cordão
de isolamento feito pela polícia militar e sentar, mas parte do grupo
discordou, temendo confronto.
Grupo chegou perto da barreira policial no Dique (Foto: Ruan Melo/ G1)
Após as discussões, a manifestação saiu do Campo Grande pouco depois
das 12h, seguindo pelo Politeama para a Arena Fonte Nova. "Acho que
devemos dar uma volta maior e ir pelo Politeama. Acho melhor esse
trajeto porque é mais fácil de dispersar, na Joana Angélica tem muitas
barreiras da PM", opinou o estudante Rodrigo Veras.
"Desejo uma boa manifestação, que seja em paz e que consigam alcançar
os objetivos", afirmou o tenente-coronel Baqueiro na saída do protesto
no Campo Grande, que se comunicou por meio de microfone com o grupo.
A passeata seguiu pacífica até a proximidade da Arena Fonte Nova, na
Avenida Centenário, entrada do Dique do Tororó. Segundo a Transalvador,
não foi necessário fazer intervenções no trânsito por causa da
manifestação. A assessoria da Polícia Militar em Salvador também
informou que as estratégias de segurança traçadas para a Copa das
Confederações neste domingo não foram alteradas por causa do protesto.
Família acompanhou protesto em Salvador
(Foto: Lílian Marques/ G1)
Uma família chegou a acompanhar o percurso com uma criança. "Eu apoio a
manifestação porque aqui não se tem um transporte público de qualidade.
Pago caro pelo transporte e a qualidade não compensa. Saí da Argentina
em 2001 por causa da crise", comenta Alejandro Mariani, ao lado da
esposa Eliane e do filho Diego.
"Em hipótese alguma queremos confronto, nosso interesse é levar a paz.
Todo mundo tem direito de se manifestar. Viu como foi bonito na
prefeitura? Teve gente que me abraçou", observou o Coronel Nivaldo da
PM.
O grupo chegou à entrada do Dique do Tororó e ficou cerca de 50 metros
distante da barreira policial. Lá, integrantes do movimento conversaram
com os policiais e decidiram encerrar o movimento. "Nós decidimos
encerrar o movimento aqui em frente ao 5º Centro porque esse era nosso
objetivo. Existem outros grupos que decidiram continuar a manifestação,
mas isso não foi deliberado na assembleia", disse um dos integrantes do
movimento Passe Livre.
Aos poucos, os integrantes da manifestação se dispersaram no final da Avenida Centenário, próximo ao Dique do Tororó.
Definição do protesto
Os manifestantes se reuniram na tarde de sábado (29), no Passeio
Público, no Campo Grande, em Salvador, para definir as ações do
movimento Passe Livre na capital baiana.
Entre as discussões levantadas pelo grupo, esteve a definição de como
seria realizada a passeata deste domingo, além de protestos no dia 2 de
julho (terça-feira), data em que se celebra a independência da Bahia.
Na quinta-feira (27), aproximadamente 1.500 pessoas participaram da
quarta manifestação realizada na cidade, em uma caminhada pacífica do
Campo Grande ao Centro Histórico de Salvador.
Do lado de fora da prefeitura, um manifestante utilizou um carro de som
para afirmar que o movimento tinha atingido seus objetivos, já que uma
audiência pública foi marcada na Câmara Municipal para 3 de julho.
Manifestantes parados na Praça Castro Alves antes de seguirem até a prefeitura (Foto: Egi Santana/G1 Bahia)
Reivindicações
Integrantes do Movimento Passe Livre Salvador divulgaram, na
quarta-feira (26) a carta com todas as reivindicações. No documento,
lido pelos integrantes no Passeio Público, no bairro do Campo Grande,
eles afirmaram que são apartidários e defenderam um transporte público
gratuito e de qualidade.
Entre as principais reivindicações do movimento, estão a redução
imediata da tarifa de ônibus, ampliação da frota de veículos, ativação e
ampliação do metrô de Salvador, extinção da tarifa para os trens do
subúrbio, além da construção de novas estações.
Protesto mobiliza população em Salvador
(Foto: Egi Santana/ G1)
Confira a lista completa de reivindicações do Movimento Passe Livre Salvador:
1. Passe livre nos ônibus para todos os estudantes, inclusive estudantes de curso pré-vestibular;
2. Ampliação e renovação da frota, com a introdução de
veículos de piso baixo, visando garantir a maior acessibilidade a
pessoas com dificuldades ou necessidades especiais;
3. Ônibus 24 (vinte e quatro) horas em atividade;
4. Criação do Bilhete Único, benefício tarifário
permitindo a realização de 04 (quatro) viagens dentro do prazo de 03
(três) horas, como já existe em São Paulo e outras capitais brasileiras;
5. Ampliação do programa “Domingo é Meia” para os
feriados e inclusão dos usuários do Salvador Card no programa,
eliminando-se a restrição do pagamento em dinheiro;
6. Extinção do pagamento de taxa para recadastramento no Salvador Card;
7. Construção de novas estações de ônibus e imediata
reforma e integração de todas as estações já existentes, com garantia de
acessibilidade a pessoas com dificuldades ou necessidades especiais;
8. Construção de mais faixas exclusivas para ônibus;
9. Abertura da caixa preta da SETPS, com a revisão dos
custos e contratos pelos órgãos competentes, promovendo com
transparência o debate público sobre as regras dos contratos de
concessão e sobre o cálculo do preço da tarifa;
10. Ativação e ampliação do metrô, com estabelecimento de calendário para o cumprimentos destas solicitações;
11. Investigação, pelo Ministério Público, dos gastos com a construção do metrô, iniciada há 13 anos;
12. Integração dos transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário;
13. Execução do projeto “Cidade Bicicleta” – que prometeu ampliar a malha cicloviária da região metropolitana para 217 Km;
14. Extinção da tarifa para os trens do subúrbio de Salvador, garantindo passe livre a todos os seus usuários;
15. Ampliação e reforma das calçadas, com garantia de acessibilidade a pessoas com dificuldades ou necessidades especiais;
16. Melhorias no sistema de transporte intermunicipal
aquaviário do estado da Bahia, além da instituição do pagamento de meia
passagem por estudantes;
17. Retomada do caráter deliberativo do Conselho da Cidade;
18. Reativação do Conselho Municipal de Transporte;
19. Integração da Região Metropolitana;
20. Estatização dos sistemas de transporte público;
21. Por fim, solicitamos a alteração do nome do
Aeroporto Internacional de Salvador, hoje “Deputado Luís Eduardo
Magalhães”, para o seu antigo nome: “2 de julho”, data magna dos
baianos.