Bloco festeja, em 2013, 18 anos de prévias e desfiles em Pernambuco.
Wilson Simoninha e Criolo comentam participação na festa de sábado.
Super-heróis são a principal atração do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça (Foto: Claudia Silveira/G1)
O ano era 1995. Foo Fighters e Silverchair lançam seus álbuns de
estreia. Surgem as bandas Slipknot e Evanescence. O fenômeno mexicano
Thalía estoura, assim como a música “Pelados em Santos”, do Mamonas
Assassinas. O Vale dos Reis, um mausoléu gigante no Egito, é achado. A
Microsoft disponibiliza o Windows95 e o Internet Explorer 1. O
humorístico Os Trapalhões aparece na TV Globo pela última vez. O
carnaval de Olinda ganha um bloco, o "Enquanto isso, na Sala da
Justiça...". Tudo bem que a agremiação não mudou os rumos da história
mundial nem alcançou fama internacional, mas, há 18 anos, diverte uma
multidão de foliões que renovaram o hábito de criar e vestir uma
fantasia criativa nas ladeiras do Sítio Histórico. A prévia do desfile,
então, virou um "super-sucesso", mudando de endereço para caber tanta
animação.A 'Sala da Justiça' ou o 'Enquanto Isso', apelidos carinhosos dados ao bloco, atinge a maioridade em 2013. A festa de aniversário ocorre neste sábado (2), no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, a partir das 22h. O Baile do Simonal, Criolo e Monobloco são as atrações do evento, que terá ainda discotecagem de Lala K, Zé Cabeça e Bahiano. Este último, inclusive, estava no grupo de amigos que, em dezembro de 1994, na Ladeira da Misericórdia, em Olinda, decidiu sair no carnaval seguinte com fantasias de super-heróis e personagens de histórias em quadrinhos. "A ideia original era sair fantasiado, acompanhando blocos infantis, mas decidimos fundar um bloco com identidade própria. Depois de uma troca de ideias, o nome 'Enquanto isso na Sala da Justiça' surgiu", explica Eduardo Bahiano.
Vilões invadem a Sala de Justiça, no desfile do bloco, no
domingo de Carnaval (Foto: Katherine Coutinho/G1)
No ano seguinte, no domingo de desfile das Virgens de Olinda, ocorreu a
primeira prévia da agremiação, nos Quatro Cantos, no sítio histórico,
com direito a sistema de som e DJs, ainda novidade na época. Bahiano
estava pintado de verde, era o Hulk. Cerca de 100 pessoas apareceram,
público suficiente para o grupo conseguir pagar a orquestra de frevo
para o desfile do sábado seguinte, já no carnaval. "Um fato curioso foi
que, apesar de ter sido divulgado apenas entre um grupo de amigos, o
bloco ia sendo acompanhado por centenas de fantasiados, que surgiam de
todos os lados, ao longo do percurso", conta Bahiano.domingo de Carnaval (Foto: Katherine Coutinho/G1)
E surgiu um pouco de tudo: dos clássicos Super-Homem, Mulher Maravilha, Batman, Homem Aranha até os personagens derivados do prefixo "super", hoje marca do bloco, como supermercado, supérfluo, Super Bonder, Super Nescau, Super Tição. "Eu acho que a Sala caiu no gosto do povo por causa das fantasias, um hábito que estava se perdendo um pouco por conta do mela-mela que rolava em Olinda", lembra Bahiano. E essa brincadeira só fez crescer. Após várias prévias no Sítio Histórico, em locais como o Centro Luiz Freire e o Mercado Eufrásio Barbosa, a festa passou para a Fábrica Tacaruna, no Recife, em 2004, para receber mais de 10 mil pessoas.
Por isso não é muito difícil escolher as atrações das prévias, já que o público é bastante variado em idade e gosto musical. Este ano, por exemplo, vai ter uma misturada de gêneros, mas que promete dar certo. "O Baile do Simonal é a cara do carnaval, e a gente tem uma ligação natural com o samba do Mobobloco e a black music do Criolo", comenta Wilson Simoninha, em entrevista ao G1. Ele e o irmão Max de Castro estarão juntos na festa com o Baile do Simonal, uma homenagem ao pai Wilson Simonal (1938-2000). O repertório tem composições consagradas por Simonal como “Sá Marina”, “País Tropical”, “Zazueira”, “Vesti azul” e “Nem vem que não tem”.
Wilson Simoninha (E) e Max de Castro cantam Simonal
na prévia do bloco (Foto: Divulgação / SESC Campinas)
O set list também tem marchinhas de carnaval, como a famosa "Está
chegando a hora". "Conheço gente de várias ondas e estilos de
Pernambuco, com sucessos em ritmo de frevo, tipo Alceu e Lenine. Então, a
gente ainda pode colocar uma surpresa... Também não combinamos nada,
mas pode aparecer na hora um amigo para fazer participação especial",
diz Simoninha, que ainda não decidiu se virá fantasiado à festa. "Eu sou
da geração do gibi, gostava muito Homem Aranha, que hoje está muito
teen, no meu tempo ele era mais intenso. Agora, desde criança até hoje,
eu queria ter o poder da visão de raio-x, para ver debaixo das roupas
das meninas", brinca.na prévia do bloco (Foto: Divulgação / SESC Campinas)
O Baile do Simonal roda o Brasil há dois anos e será a primeira apresentação em Pernambuco. Segundo o artista, o projeto paralelo não tem data para acabar. Enquanto isso, os irmãos seguem conciliando a carreira solo. Simoninha vai lançar, em abril, disco homônimo, com 12 faixas, sendo 11 inéditas e uma versão de "Falso Amor", de Jair Oliveira. "O Max também está trabalhando em um novo álbum. E o Baile do Simonal vai se realimentando, muita coisa ainda está rolando, a gente sempre está descobrindo repertório novo", conta.
A composição também é uma constante para Criolo, outra das atrações da prévia da Sala da Justiça. O rapper paulistano, que chegou ao grande público em 2012, com o disco "Nó na orelha", já tinha, então, 24 anos de carreira. Nesse período em que atuou na produção alternativa de música, criou a "Rinha de MCs" – disputa criativa e improvisada de rappers, em São Paulo – e lançou o CD "Ainda há tempo", em 2006. Ano passado, quando estava decidido a apenas fazer um registro de algumas canções e abandonar a carreira musical, o disco estourou.
Criolo volta a se apresentar no carnaval do Recife
(Foto: Divulgação / Caroline Bittencourt)
O sucesso o levou a shows pelo Brasil e pelo mundo. Para sábado, o
rapper promete a mesma apresentação com a qual tem divulgado "Nó na
orelha". "Sempre surgem algumas canções do disco antigo, algumas poesias
improvisadas, alguma participação. Mas a espinha dorsal é o 'Nó na
orelha'", afirma, em entrevista ao G1. Com turnês
realizadas nos Estados Unidos e em vários países da Europa, o trabalho
continua. "Em cada país que fui, fui muito bem acolhido e percebi o
quanto as pessoas amam a música do nosso país e têm interesse na arte
que é feita aqui. Ficar longe só me fez amar ainda mais o Brasil".(Foto: Divulgação / Caroline Bittencourt)
A plateia do Recife também é fiel a Criolo. No ano passado, foram três shows, sempre com bom público: no Marco Zero, em uma participação na abertura do carnaval, que homenageou Alceu Valença; no polo descentralizado do bairro do Alto José do Pinho e no encerramento do festival Rec-Beat, que levou uma multidão ao Cais da Alfândega. "Dessa vez, não vai dar tempo. É chegar, cantar e ir embora", lamenta.
Criolo não se acha muito folião. "Carnaval é meio raro para mim, eu nunca curti de fato porque estou sempre trabalhando, mas vejo de modo tranquilo ter sido convidado para dividir esse momento aí". Para ele, não ter 'vivência carnavalesca' não é um impedimento para se apresentar em uma prévia do tipo. "As pessoas do Recife são extremamente inteligentes, acolhedoras e politizadas, valorizam a cultura que têm. Só pelo fato de ser convidado para estar com elas, já estou me sentindo à vontade, mesmo sem fantasia. Eu acabei de chegar e tudo isso é muito novo, o que está me acontecendo é muito recente. Para mim, é só honra tocar aí", arremata.
Serviço
Prévia do "Enquanto isso, na Sala de Justiça..."
Sábado (02), no pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco
Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), à venda nas lojas Zefirelli dos shoppings Recife, Tacaruna, RioMar e Guararapes, na bilheteria do Centro ou pela internet
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