por Ana Clara Marinho |
Sabe aquela frase “tem, mas tá
faltando”? Quem estiver em Fernando de Noronha neste final de ano deve
ouvir muito isso quando pedir peixe nos bares e restaurantes da ilha por
conta da determinação de reduzir em 60% os pontos de pesca de Noronha,
indicada pelo Instituto Chico Mendes. O presidente da Associação de
Pescadores de Fernando de Noronha, Ampesca, Orlando Souza, confirma que
vai faltar peixe na ilha no final do ano. “Vai faltar sim, com a redução
das áreas de pesca não há como oferecer o produto na quantidade
procurada pelos comerciantes” disse o presidente.
Uma das primeiras consequências da
falta do produto é o aumento no preço. “Na semana passada me ofereceram
peixe por 20 reais o quilo, quando eu comprava por 12 reais, é o
primeiro reflexo” avaliou o dono de restaurante Auricélio Romão, que
também é presidente da Associação de Bares e Restaurantes de
Noronha-Abreno. Maria da Conceição Veras, também dona de restaurante,
afirma que a alternativa encontrada é comprar o pescado fora da ilha com
preço em média 35% mais alto que na ilha, e ainda com qualidade
inferior. “Quando a gente compra fora tem que brigar para conseguir
embarcar o material para Noronha, é muito difícil” afirma.
Os donos de pontos de comércio estão a
procura de soluções alternativas. Auricélio Romão informa que a Abreno
vai realizar reunião com os associados para tentar montar uma estratégia
para garantir o abastecimento dos bares e restaurantes. O presidente da
Ampesca está em busca de apoio. “Vamos procurar os representantes do
Ministério da Pesca para garantir condições de trabalho” diz Orlando.
Ele informa que a produção na ilha era cerca de dois mil quilos de
peixes por mês. “O peixe já não era suficiente para atender a procura,
agora com as restrições a situação só pode piora” prevê.
Operação
A redução das áreas de pesca foi
determinada depois de uma operação executada pelos fiscais do Instituo
Chico Mendes, Polícia Federal e a Marinho do Brasil no último dia 09 de
novembro, quando seis pescadores da ilha forram detidos , acusados de
pesca na área do Parque Nacional Marinho. Desde que o Parque foi criado,
há 24 anos, os pescadores locais recebiam a orientação para fazer
captura em áreas com profundidade superior há 50 metros de profundidade.
“Na época em que o Parnmar foi criado
não existiam equipamentos com a precisão de hoje. De fato, em algumas
áreas com profundidade maior que 50 metros ainda é Parque Nacional “
explicou Ricardo Araújo, diretor do Parque, aos pescadores. Ricardo
informou que a determinação continua, Do total das áreas
tradicionalmente utilizadas como pontos de pesqueiros, em apenas 40%
podem ser feitas pesca. “Vou encaminhar a solicitação da categoria para
direção do Icmbio em Brasília, mas até nova orientação a restrições
devem ser respeitadas” orienta o diretor do Parque.
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